O inverno de 2025 trouxe alívio para o comércio e para a indústria de malhas e tricôs. Após um 2024 marcado por vendas tímidas como consequência de longos períodos sem chuva e um inverno quente, o setor vê o movimento melhorar com a chegada dos dias frios. A sensação, no entanto, é de cautela por parte da indústria, que, apesar da boa demanda, ainda não viu um movimento tão promissor.
Em Belo Horizonte, o “friozinho” fez com que milhares de pessoas fossem à Feira de Malhas e Tricô do Sul de Minas, que reúne diversos produtores no Minascentro. Na primeira edição, em maio, a expectativa era receber 50 mil pessoas, e os organizadores foram surpreendidos com um movimento de mais de 75 mil visitantes. “Na feira de julho estamos com a mesma expectativa de 50 mil, mas acredito que deva superá-la novamente”, acredita a produtora da Feira, Dayhana Nicoleti, que aponta ainda um ticket médio de R$ 300 por visitante. A feira deste mês termina neste domingo (13/7) e fica aberta das 12h às 20h.
Dayhana lembra que em 2024 a menor frequência de dias frios diminuiu a demanda por roupas quentes. “Nosso produto é predominantemente de inverno. Ano passado teve temperaturas mais altas, e neste ano estamos em um inverno mais normal”, contextualiza. Além disso, a indústria, que tem muitos parceiros no Rio Grande do Sul, sofreu também com as enchentes no estado.
Por conta dessa experiência traumática, este ano começou com cautela para a indústria de roupas. “Assim que começaram as vendas do atacado neste ano, o pessoal ‘engatou’ e todo mundo entendeu que este ano ia ser mais promissor. A produção está sendo vendida e aumentou de acordo com a demanda”, afirma Dayhana.
O “trauma” também foi percebido pelo vice-presidente do Sindimalhas, Gilberto Mairinques. Ele conta que, antes de o inverno dar seus sinais característicos, sentiu uma grande aflição na indústria. “A gente iniciou o ano realmente bem retraído referente ao inverno. Os clientes ainda tinham muito estoque, como resultado do ano passado. Todos chegavam com uma compra muito pequena de reposição para o inverno deste ano”, relata.
Gilberto revela que a sensação era de que, se não houvesse inverno com “cara” de inverno este ano, não seria possível saber como o ano seguiria, incluindo medo de comprometimento do fluxo de caixa e de endividamento. “O frio veio, resolveu o problema, todo mundo vendeu o que tinha e conseguiu buscar no mercado reposições. Foram poucas, mas conseguiram, e a gente também já não tinha muita matéria prima disponível, até porque, entrou o inverno, nós já estamos preocupados com a próxima estação”, conta o vice-presidente.
Apesar do alívio, a sensação ainda é de moderação na indústria. “No passado, o reflexo das boas vendas era imediato, mas hoje o problema dos juros altos e todo o aspecto macroeconômico estão abalando o poder de compra do cliente, ele quer comprar somente aquilo que sabe que pode vender”, contextualiza, apontando um certo receio de se ter grandes estoques e não conseguir escoar os produtos. “O dinheiro que entrou no caixa ainda não refletiu a venda de reposição”, sintetiza.