Mesmo com a pandemia do coronavírus, o mercado imobiliário segue aquecido em Belo Horizonte e na região metropolitana. As vendas de apartamentos novos cresceram 21,8% no primeiro semestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020. Apenas na capital e em Nova Lima, foram vendidos 2.626 apartamentos novos, o melhor resultado para o período desde o início da série histórica da pesquisa, realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-MG), em 2016.
De acordo com o levantamento realizado pela entidade, divulgado ontem, a pandemia contribuiu para a expansão, inclusive, do mercado de luxo. Os apartamentos avaliados em mais de R$ 1 milhão corresponderam a 17% das vendas dos primeiros seis meses do ano. No primeiro semestre foram lançados 193 apartamentos de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões e foram vendidos 314.
Para o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG, Renato Michel, alguns fatores ajudam a explicar o bom desempenho, como a adaptação das empresas e dos clientes às ferramentas digitais, taxas de juros mais baixas e melhores condições de financiamento. “A taxa de juros chegou ao patamar histórico de 2%. Se a prestação cai, mais famílias têm acesso ao financiamento imobiliário”, pontua.
O empresário que destaca ainda o número de lançamentos. De acordo com a pesquisa, o aumento foi de 14,3% em comparação com o primeiro semestre de 2020, enquanto o incremento de vendas foi de 21,8%. Na comparação com 2020, as vendas de apartamentos novos só em BH e Nova Lima cresceram 46,62%.
“As pessoas ressignificaram o valor do imóvel com a pandemia. Passando mais tempo em casa, as famílias começaram a valorizar ainda mais a casa própria, é o único lugar que se pode tirar a máscara em segurança. Com o home-office e as crianças estudando em casa se despertou para a necessidade de se ter um espaço mais confortável e adequado”, completa Michel.
Oferta
Com tamanha procura, segundo o levantamento do Sinduscon, apenas 20,5% de tudo que foi lançado em Belo Horizonte e Nova Lima no primeiro semestre está disponível. Considerando a média mensal de unidades vendidas nos primeiros seis meses de 2021, o estoque atual atenderia o mercado imobiliário da região em somente 6 meses. Atualmente, o estoque de imóveis novos é de 2.599 unidades – menor patamar da série histórica iniciada em 2016. Em junho do ano passado, eram 3.581 imóveis, o que representa uma diminuição de 27,42%.
Para Renato Michel, um dos problemas é o aumento dos custos das construções. Em junho, o custo com material aumentou 2,46%, o que correspondeu a maior elevação para o mês dos último 26 anos. Já de janeiro a julho, a alta foi de 23,88%, enquanto nos últimos 12 meses, o reajuste foi de 43,29%.
"A faixa que mais está sofrendo é a dos imóveis do 'Minha Casa, Minha Vida, com esses aumentos você não consegue produzir apartamentos para atender essa classe, isso acaba sendo um problema também social", destaca o vice-presidente da entidade. "O incremento do custo com material de construção tem contribuído para desestimular os lançamentos imobiliários. Infelizmente, a relação de custos e preços de venda atuais não dão estímulos para que o mercado aplique um potencial maior de lançamentos já que os preços ainda estão defasados", completa.
Postos de trabalho crescem 19,9%
O setor da construção civil em Minas Gerais deve encerrar o ano com alta de 4% frente a 2020, ante os 2,5% estimados anteriormente. Reflexo disso pode ser sentido na geração de postos de trabalho. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o número de trabalhadores no setor na região metropolitana passou de 124.887 para 149.788 em junho deste ano, o que representa 24.901 novas vagas com carteira assinada no setor – um aumento de 19,9% em comparação com o mesmo período de 2020.
De acordo com o levantamento realizado pelo Sinduscon-MG, o mercado de trabalho no setor já superou o patamar pré-pandemia tanto a nível nacional, estadual e municipal. Em relação a junho de 2020, o número de trabalhadores na construção civil no país apresentou alta de 15,15%, enquanto em Minas o aumento foi de 19,59%. Já em Belo Horizonte o acréscimo foi de 21,47%.
A capital mineira, inclusive, foi a responsável por 80,28% das novas vagas na região metropolitana. Foram criados 19.991 postos - 21,5% a mais no acumulado dos últimos doze meses. "O setor vai crescer bem menos do que poderia, a expectativa é que seja 4%, o grande problema é justamente o aumento do preço dos insumos e a escassez de matéria-prima, isso impede de avançar mais", analisa a economista e assessora econômica do Sinduscon, Ieda Vasconcelos .
Primeiro semestre
Ticket médio. O valor médio das unidades lançadas passou de R$376 mil nos três primeiros meses de 2021 para 560 mil de abril a junho.
Procura. As regiões Oeste, Centro-Sul, Norte e Barreiro foram as que apresentaram maior volume de imóveis comercializados e lançados entre janeiro e junho.
Região. As vendas nas regiões do Barreiro (292 unidades) e Centro-Sul (226) alcançaram os maiores volumes de abril a junho. Em relação aos lançamentos, os melhores resultados foram nas regiões Barreiro, Nordeste e Centro Sul.