A mineração é responsável por 60% da arrecadação de Nova Lima, na região metropolitana, mas a atividade tem data de validade: são previstos mais 35 anos de exploração de minério de ferro no município. Preocupada com o futuro, a prefeitura lançou, ontem, um projeto de atração de investimentos e diversificação econômica. A ideia da Zona Limpa de Desenvolvimento (ZLD) é incentivar a implantação de empreendimentos de alto valor agregado e baixo impacto ambiental nas áreas de biotecnologia, biomedicina e economia criativa.

“Nova Lima já teve 180 anos de exploração na mina de ouro, que acabou, não tem mais. Para que não aconteça a mesma coisa daqui a três décadas, a cidade tem que diversificar sua economia, com alternativas para gerar empregos e alimentar o tributo da prefeitura, antes que a mineração chegue ao final”, afirma o consultor de Projetos do município, Waldir Salvador. A atividade também é uma das principais empregadoras da cidade, junto com os serviços públicos e o comércio varejista.

Para colocar os planos em prática, a prefeitura aplica uma legislação federal que garante incentivos fiscais a empresas de tecnologia. O município criou também dois conselhos municipais, de Desenvolvimento e de Inovação, e fundos que serão abastecidos com recursos dos royalties da mineração para financiar empreendimentos sustentáveis.

“A partir de janeiro isso será iniciado, com R$ 5 milhões. Propostas na linha de negócios limpos serão analisadas pelos conselhos, que podem financiar os projetos com condições melhores do que bancos de fomento”, explica Salvador. A prefeitura tem, ainda, dois terrenos na Lagoa dos Ingleses que quer transformar em uma incubadora para startups e um condomínio empresarial de biotecnologia, em parceria com a iniciativa privada ou empresas públicas.

Outro ponto da ZLD é a implantação de um núcleo que vai agilizar a tramitação de projetos de empreendimentos considerados prioritários, como os que atenderem a critérios de geração de empregos. O próximo passo é conversar com o mercado. “Temos um plano de negócios com todas as empresas que vamos prospectar a partir de agora para apresentar esse projeto. Queremos negócios com pegadas sustentáveis”, diz o diretor de Desenvolvimento Econômico da prefeitura, Abner Henrique Santana Soares.

O prefeito Vitor Penido (DEM) diz que o projeto prepara a cidade para o futuro. “Nova Lima está muito próxima da capital e tem um território que é quase o dobro de Belo Horizonte. Vamos deixar a cidade preparada para o dia em que a mineração deixar de existir”, afirma.

Cidade será ‘fatiada’ em quatro

O projeto da Zona Limpa de Desenvolvimento dividiu Nova Lima em quatro zonas, de acordo com as vocações de cada região. “Não falamos só de potencial. Algumas já estão com vocações instaladas e em funcionamento, como é o caso da Lagoa dos Ingleses, com o setor de biotecnologia”, diz a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Clausy Gomes.

A Biomm, com uma fábrica de medicamentos injetáveis no local, tem planos de expansão. “O programa ajuda ao induzir outras empresas da mesma natureza a se instalarem próximas de nós para oferecer insumos e equipamentos para nossas operações”, diz o diretor de operações da companhia, Francisco Freitas.