Na manhã de ontem, na padaria, um morador do bairro Santo Antônio ouviu os primeiros rumores de que a obra de um prédio de 30 andares, na esquina das ruas Congonhas e Leopoldina, tinha sido paralisada após vários trabalhadores testarem positivo para Covid-19. A Canopus, construtora responsável pelo empreendimento, informou que a obra está parada desde o dia 29 de abril, mas o motivo seriam férias coletivas. A empresa confirmou que tem três funcionários com coronavírus em Belo Horizonte, com sintomas leves.

Dono de um restaurante em frente à construção, Jair Cunha conta que ouviu comentários de que a obra teria sido parada por precaução da empresa. “O que ouvi foi que algumas pessoas tiveram o resultado positivo e a construtora achou melhor parar. Comentaram que não são peões, mas gente graúda. Desde terça-feira o movimento começou a diminuir na obra. Hoje (quinta-feira) estava toda fechada”, conta o empresário, que lamenta o fechamento do comércio.

A reportagem apurou que, entre os contaminados, pelo menos um é engenheiro, que está em isolamento e passa bem. Em fevereiro deste ano, a Canopus anunciou o início da abertura de capital na Bolsa, o que a coloca em período de silêncio, ou seja, fica proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de dar detalhes sobre a empresa. Por isso, ela não respondeu quantos trabalhadores estão atuando na obra. Mas, segundo estimativas de mercado, uma obra com 30 pavimentos na região Centro-Sul da capital demanda, no mínimo, 150 funcionários.

Por meio de nota, autorizada pela CVM, a Canopus esclareceu que, desde a classificação do novo coronavírus como pandemia e seguindo todas as orientações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Estado, da prefeitura e dos sindicatos do setor, a construtora adotou medidas de conscientização, ampliou cuidados com a higiene coletiva e colocou todos os colaboradores de escritório em regime de trabalho home office.

As férias coletivas dos trabalhadores da obra da rua Congonhas terminam no dia 18 de maio. Segundo a empresa, a medida já estava planejada e faz parte de um plano de rodízio para conter o avanço da doença, que vai contemplar os canteiros da empresa em todo o Brasil.