Se Minas Gerais tem rochas ornamentais em abundância, mas não tem indústrias de grande porte para transformar blocos em chapas, não é por falta de projetos nem de interesse de bancos de fomento. A Prefeitura de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, está articulando a construção de um distrito industrial do setor. Já o Banco do Nordeste se comprometeu a ajudar com a liberação de financiamentos.
“Faz parte da nossa programação o apoio a todos os elos da cadeia produtiva do granito e das demais pedras ornamentais. Já atendemos algumas minerações na extração e alguns pequenos empreendimentos. Para fechar essa cadeia em benefício da economia mineira, o banco se coloca à disposição para conceder crédito para a instalação de plantas industriais, para agregar valor e gerar emprego e renda no território mineiro”, destaca o superintendente estadual do Banco do Nordeste para Minas Gerais e Espírito Santo, João Nilton Castro Martins.
Antes de Teófilo Otoni, já existia previsão de se construir um centro de beneficiamento em Minas Gerais. Há três anos, a então Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) – hoje Codemge – financiou um estudo para criar uma central de industrialização de rochas em Governador Valadares, na região do Rio Doce.
“O projeto previa a construção de uma planta industrial que beneficiaria rochas brutas de pedreiras das regiões Norte, do Vale do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri, que hoje são industrializadas, na maioria, no Espírito Santo, deixando de gerar valor agregado para Minas”, explica o geólogo Cid Chiodi, que participou do estudo.
Logística
Além do forte arranjo produtivo que o Espírito Santo consolidou, o porto em Vitória é um dos motivos para o Estado exportar 80% das rochas do Brasil.
Segundo Chiodi, a central de Valadares previa integração com o modal ferroviário. “Depois de beneficiadas, as chapas poderiam ir de trem, pela linha Vitória a Minas, até o porto. Esse projeto não foi para a frente, mas seria uma solução muito eficiente e ajudaria a alavancar o desenvolvimento socioeconômico do Norte de Minas”, explica ele.
Ao final do estudo, a companhia concluiu que seria mais vantajoso construir um distrito industrial em Teófilo Otoni, “devido aos incentivos fiscais de sua localização geográfica (área da Sudene) e à proximidade de jazidas do Nordeste de Minas e do Sul da Bahia”.
A Codemge chegou a repassar R$ 5 milhões para a prefeitura desapropriar o terreno, mas a empresa que faria o investimento desistiu, e, agora, a prefeitura busca novo parceiro.
“Existem mais duas empresas interessadas e, recentemente, o governador Romeu Zema (Novo) esteve na cidade e se comprometeu a aportar mais R$ 8 milhões para a conclusão das obras do distrito industrial”, afirma o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira (PT).
Governo cria grupo de estudo
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais informa que criou um grupo de trabalho com representantes de instituições públicas, indústrias e parlamentares para elaborar um estudo de viabilização de distritos industriais no Estado.
“Lembramos que o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) disponibiliza recursos para o financiamento de empresas de todos os portes e setores, com condições especiais para instituições localizadas em municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) municipal”, diz a nota.
A Secretaria de Estado da Fazenda (SEF-MG) destaca que Minas Gerais possui benefício fiscal para o segmento, com o estorno de débito do imposto incidente nas operações internas e interestaduais com os produtos produzidos pelo mesmo estabelecimento.
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