Viagens

Preço de passagem aérea para os próximos feriados dispara

Quatro pessoas pagariam R$ 4.872 para ir a Salvador, 23,9% mais que em agosto; saída da Avianca, querosene caro e dólar alto explicam

Seg, 26/08/19 - 03h00
Salvador é o destino do Nordeste mais barato para quem quer sair de Belo Horizonte em novembro | Foto: Rita Barreto/Setur-BA/divulgação

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Se depender dos preços das passagens aéreas para o feriado de 15 de novembro, que cai numa sexta-feira, e para o réveillon, a praia dos mineiros vai ficar mais distante. Saindo de Belo Horizonte, ida e volta do litoral do Nordeste não sai por menos R$ 1.218. Esse é o preço mínimo encontrado pela pesquisa da reportagem para uma única pessoa ir a Salvador. Uma família com quatro, por exemplo, pagaria R$ 4.872 só com os bilhetes aéreos. O preço é 23,9% maior quando comparado ao último fim de semana de agosto, por exemplo.

Para Fortaleza, esse mesmo feriado custa a partir de R$ 1.265 por pessoa. Se o destino for Maceió, sobe para R$ 1.745. Mesmo se o mineiro quiser ficar mais perto de casa, em Vitória, no Espírito Santo, vai gastar R$ 1.515 por cabeça. Para pai, mãe e dois filhos, essa viagem custaria R$ 6.060, lembrando que esses são os valores mínimos da cotação feita pela reportagem no último dia 21 de agosto. Os preços variam diariamente. 

De acordo com o economista da Federação do Comércio e Serviços de Minas Gerais (Fecomércio-MG) Guilherme Almeida, a volatilidade das passagens aéreas é alta e, normalmente, supera a inflação. “Isso fica ainda mais acentuado com os efeitos sazonais em janeiro, julho e no fim do ano, pois o preço é regido pela lei da oferta e da demanda”, diz.

O gerente regional da CVC para Minas Gerais, Rafael Ulbanejo, destaca que, especificamente sobre o 15 de novembro, o aumento no custo dos bilhetes aéreos tem uma explicação especial. “Por ser o último feriado emendável do ano, realmente a procura está bem grande e, consequentemente, os preços também acabam aumentando”, afirma.

O professor de economia do Ibmec Felipe Leroy destaca que, além da sazonalidade, os preços têm sofrido forte influência da saída da Avianca do mercado e dos impactos do câmbio no custo das operações. “Com a crise, a demanda dos passageiros caiu, mas o custo fixo não muda para levar mais ou menos pessoas”, considera. 

De acordo com o economista, o fato de o mercado brasileiro estar muito concentrado nas mãos de poucas companhias também traz reflexos. “Com a baixa concorrência, os preços acabam sendo nivelados pelo alto. A expectativa é que isso melhore com a entrada de empresas estrangeiras no país”, afirma. 

Enquanto a concorrência não vem, mas os feriados se aproximam, o jeito é ser criativo. “Eu mesmo tenho família em João Pessoa. Para ficar mais barato, costumo pegar um voo para Recife e acabo de chegar de carro”, relata Leroy.

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) não comenta as políticas tarifárias por se tratar de estratégia de negócio específica de cada companhia. Mas, por meio de nota, destaca que, além dos efeitos provocados pela saída da Avianca, que gerou uma brusca redução da oferta de transporte aéreo no primeiro semestre, também há outras variáveis, como o alto custo do querosene de aviação (QAV) e a desvalorização do real frente ao dólar. 

Busca por pacotes rodoviários sobe 49%

O aumento de preços das passagens aéreas tem despertado mais interesse por pacotes rodoviários. Eles ainda são minoria das vendas da operadora de viagens CVC, com participação de 7%. Entretanto, a demanda por esse tipo de roteiro na empresa registrou crescimento de 49% no primeiro semestre deste ano. 

De acordo com o gerente de vendas da CVC para o Estado de Minas Gerais, Rafael Ulbanejo, a saída recente da Avianca Brasil do mercado pressionou os preços das passagens de avião, e, por isso, o mercado de turismo precisou ampliar as opções. “Tanto é que as lojas da CVC começaram a comercializar bilhetes avulsos de mais de 140 companhias que operam mais de 4.600 trechos rodoviários pelo Brasil”, explica.

Segundo Ulbanejo, além de diversificar as opções, essa modalidade atende as populações que vivem no interior, distantes de aeroportos.

Para aqueles que não querem abrir mão do transporte aéreo, uma dica é tentar antecipar a viagem em um dia, por exemplo, para buscar promoções. Se a escolha ou a decisão da viagem ficou para última hora, o conselho é garimpar promoções tipo “saldão de viagens” promovidas por empresas de renome ou opções em voos fretados.

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