O custo de vida em Belo Horizonte aumentou 1,45% somente no mês de junho, o que faz a inflação acumulada na cidade nos últimos 12 meses chegar a 11,64% – pouco inferior à média nacional de 11,73%. Os dados são do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e foram divulgados nesta terça (5). 

Conforme o Ipead, o reajuste dos planos de saúde individuais puxou o aumento do custo de vida em BH. Em maio, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou um crescimento de 15,5% nas faturas do tipo – o maior da série histórica iniciada em 2000.

O custo de vida do Ipead leva em consideração 11 itens agregados. Por conta do reajuste da ANS, o grupo saúde e cuidados pessoais teve alta de 7,66% – a maior entre as áreas pesquisadas. 

Também tiveram aumentos consideráveis os setores de alimentos em elaboração primária (4,16%), encargos e manutenção (2,37%), artigos de residência (2,06%) e alimentos industrializados (1,23%). 

Por outro lado, os alimentos in natura, como legumes e verduras, tiveram queda de 3,62%. Justamente por conta disso, o custo médio da cesta básica voltou a cair pelo segundo mês consecutivo. Agora, o kit de alimentos está cotado a R$ 680,58, uma leve queda de R$ 0,22 em relação a maio (-0,03%).

A cesta básica não tinha dois meses seguidos em recuo desde fevereiro e março de 2021. Agora, o conjunto de alimentos básicos custa 56,15% do salário mínimo em vigor no País, cotado em R$ 1.212.

“Foi praticamente uma estabilidade. O tomate (-8,18%), batata-inglesa (-5,79%) e o chã (de dentro, que variou -0,43%) ajudaram a segurar mais do que a influência da elevação do feijão (15,02%) e do leite (6,6%), principalmente. Mas, essa variação do feijão preocupa muito, sobretudo para a população de baixa renda”, diz Eduardo Antunes, gerente de pesquisa do Ipead. 

A variação da cesta básica no ano continua bem acima da geral em BH: 11,79% contra 6,11%. No recorte dos últimos 12 meses, o kit de alimentos também variou acima da média geral: 22,95% contra 11,64%. “A cotação de R$ 680 é muito elevada, pensando na série histórica da cesta. A gente sabe que o feijão e o leite estão na entressafra, mas é um movimento para se observar. A gente espera que haja uma diminuição nesses preços”, afirma Eduardo Antunes, gerente do Ipead.

Quanto à inflação geral em BH, que está em 11,64% nos últimos 12 meses, Eduardo Antunes afirma que esse dado ainda não considera a diminuição no preço dos combustíveis resultante da limitação do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) em 18%. 

“Essa é uma percepção que só vamos conseguir medir no próximo mês. A gasolina, com certeza, terá um impacto significativo. Mas, o diesel a gente já viu que não teve tanto efeito. É até estranho ver o diesel mais caro que a gasolina”, diz o gerente da pesquisa.

Selic eleva juros, mas confiança aumenta

O Ipead também pesquisou as taxas de juros praticadas no mercado de BH. Como era de se esperar, o instituto registrou alta na maioria dos setores, diante do aumento da Selic de 12,75% para 13,25%, após determinação do Comitê de Política Monetária (Copom) em 15 de junho. 

Ainda assim, a confiança do consumidor da capital mineira cresceu em relação a maio: de 34,37 para 35,47 pontos – um aumento de 3,21% no índice. Ainda assim, o cenário é de pessimismo, uma vez que a escala do indicador vai até 100 (otimismo total). O índice 50 demarca a fronteira entre a situação de pessimismo e otimismo.

Sobre o aumento do otimismo do consumidor mesmo com os juros mais altos, Eduardo Antunes, gerente da pesquisa do Ipead, diz que o cidadão muitas vezes não faz ideia dos reajustes nas taxas de empréstimo.

“As pessoas reagem mais se há uma melhora ou piora no salário, por exemplo. Não percebem que uma variação pequena em termos absolutos na taxa de juros representa uma diferença grande no que ela vai pagar no final do empréstimo ou financiamento”, afirma. 

Entre as taxas que mais aumentaram está a das cooperativas de crédito, que cresceu 17,39% entre maio e junho. Vilão do endividamento das famílias brasileiras, o cartão de crédito parcelado cobra 3,9% a mais que no mês anterior.

O crédito consignado público também disparou: alta de 17,16%.Os juros para carros novos, comprados nas concessionárias, aumentaram 5,1%, enquanto as taxas dos financiamentos de veículos em instituições financeiras reajustaram em 2,83%.