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Vale dá sobrevida para atividades em Minas Gerais

Minério do Estado, misturado com o do Pará, é mais valorizado

Por Karlon Aredes
Publicado em 23 de novembro de 2018 | 03:29
 
 
Fatia. Mineradora deve bater recorde de extração no Estado, mas Pará tem maior produção hoje Foto: Ricardo Teles/Vale/divulgação

Tradicionais e antigas minas da Vale no Estado, que já tinham a operação sob risco por causa do baixo teor de minério nelas, ganharam sobrevida, garantindo a atuação e os investimentos da empresa em Minas Gerais por mais um longo período. A companhia desenvolveu um produto denominado Brazilian Blend Fines (BRBF), que mistura o minério extraído no Quadrilátero Ferrífero, principalmente em Itabira, que é mais fino e menos valioso, com a extração de Carajás, no Pará, que é mais rico.

O resultado desse blend é um minério que custa, a preços internacionais apurados nesta quinta-feira (22), US$ 75,80 a tonelada, ante US$ 72 a tonelada do preço referência do minério no mundo. “Temos, agora, reservas imensuráveis e por muito tempo em Minas”, comemora Vagner Loyola, diretor da Cadeia de Ferrosos da Vale.

O BRBF já responde por 35% das vendas totais da mineradora e resultou em um ganho adicional de US$ 3 bilhões para a empresa de 2017 para cá.

A operação requer uma logística internacional complexa. Os navios saem do Pará e do Espírito Santo (com o minério de Minas) com tempo calculado para chegarem praticamente juntos em portos na Malásia e na China, onde são misturados para formar o blend. De lá partem para os mercados atendidos pela Vale, principalmente os países do asiáticos. Hoje, cerca de 92% da produção da mineradora é exportada.

Essa nova demanda para o minério do Estado possibilitou que a Vale batesse recorde de produção em Minas nos nove primeiros meses deste ano, com 141 milhões de toneladas. Até o fim de 2018 serão 190 milhões de toneladas, segundo informou Loyola. Esse volume ficará um pouco abaixo do Pará, que será responsável por outros 200 milhões de toneladas de janeiro até o fim deste ano.

Com os negócios em expansão, e com boas previsões para o ano que vem (apesar de Vagner Loyola não adiantar números), a empresa tenta ampliar sua capacidade produtiva no Estado. A Vale desenvolveu um plano conjunto para a continuidade da operação das minas Jangada e Córrego do Feijão, ambas nas proximidades de Brumadinho, que são contíguas e têm atividades complementares.

O projeto prevê a adequação e o aproveitamento de estruturas já existentes, reduzindo impactos em novas áreas, para a ampliação da vida útil e da capacidade produtiva das minas de 10,6 milhões para 17 milhões de toneladas por ano. A empresa esclareceu que o projeto está em avaliação pela Superintendência de Projetos Prioritários (SUPRI) para a obtenção da Licença Ambiental Concomitante de Instalação e Operação (LAC1). (Colaborou Tatiana Lagôa)

Investimentos em Minas Gerais

Montante total no Estado

0s desembolsos da mineradora em Minas Gerais nos primeiros nove meses do ano ultrapassaram R$ 14,7 bilhões entre custeio e aportes nas áreas de mineração, logística e pesquisa mineral. 

Fornecedores

A empresa aplicou R$ 10,7 bilhões em compras de fornecedores instalados no Estado. 

Arrecadação

As atividades da Vale geraram arrecadação de R$ 1,1 bilhão entre janeiro e setembro de 2018 em Minas, considerando-se os tributos mais importantes. 

Cefem

Apenas o repasse da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cefem) para 14 municípios produtores foi equivalente a R$ 502,3 milhões nesse período. 

Empregos

A Vale conta com quase 26 mil empregados próprios e terceiros permanentes no Estado.