O ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (21), em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, que o governador Romeu Zema (Novo) “fingiu” não ter candidato à presidência da República durante a campanha à reeleição. Após reiterar durante o 1º turno que apoiaria Felipe D’Avila (Novo) por “fidelidade partidária”, Zema aderiu à candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) após ser reeleito.
A exemplo do que já havia dito ao visitar Ipatinga, no Vale do Aço, no fim do 1º turno, Lula até ponderou que não faz parte da própria formação política criticar prefeitos e governadores de onde visita. “Entretanto, o governador, durante a eleição dele, fingia não ter candidato a presidente, porque ele sabia que 40% dos meus eleitores votaram nele. Então, ele ficou quietinho, sem falar o nome do presidente”, questionou o ex-presidente.
De acordo com Lula, depois da reeleição, “caiu a máscara” de Zema. “Ele é bolsonarista e agora está assumindo. Ele vai vir aqui nesta semana com Bolsonaro e ele precisa que vocês digam pra ele que vocês já têm candidato. Vocês não precisam xingar ninguém, não precisam falar palavrão contra ninguém. É só dizer que vocês têm consciência política e que o número de vocês é o 13”, pediu Lula.
O ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta (21), em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, que o governador Romeu Zema (Novo) “fingiu” não ter candidato à presidência da República durante a campanha à reeleição. pic.twitter.com/dmOuqcXVeV
Como planejado pela campanha, Lula ainda acenou aos eleitores que se abstiveram de votar no 1º turno. “Eu queria, (Daniel) Sucupira (prefeito de Teófilo Otoni), que você e o seu povo começassem a andar casa por casa, saber quem é que não foi votar e convencer o companheiro a ir votar, saber o cara que se absteve de votar ou o cara que anulou o seu voto e convencê-lo a comparecer dia 30 para votar, porque, se ele não votar, não tem sequer o direito de reclamar, o direito de cobrar”, pediu.
Em Teófilo Otoni, inclusive, a média de abstenção foi superior à do Brasil nas eleições presidenciais. Enquanto 20,95% do eleitorado brasileiro se absteve, 27,42% dos teófilo-otonenses aptos a votar não foram às urnas. O índice corresponde a 29.176 pessoas. Já a taxa de nulos foi de 3,48%, ou seja, 2.691 pessoas, número, aliás, superior à votação da senadora Simone Tebet (MDB) na cidade, que foi 2.042.
Críticas à desindexação do salário mínimo
Durante os pronunciamentos - um durante a caminhada e outro já sobre um trio elétrico -, Lula criticou a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, que seria apresentada após o 2º turno, para desindexar o salário mínimo e as aposentadorias da inflação em uma espécie de “novo marco fiscal”. Na prática, tanto o mínimo quanto as aposentadorias não seriam corrigidos anualmente pelo índice inflacionário, mas, sim, pela meta do governo federal.
O ex-presidente reafirmou que, caso seja eleito, irá conceder aumento real ao mínimo anualmente. “Já faz cinco anos que o salário mínimo não tem aumento real. Ontem, ele falou que vai desindexar o mínimo, ou seja, eles estão pendendo a não dar mais aumento para quem salário mínimo e nós temos 32 milhões de brasileiros ganhando mínimo, dos quais 22 milhões são aposentados”, questionou ele, que também propôs regulamentar o pagamento de salários iguais para homens e mulheres que cumpram a mesma função.
Sinalizando uma reforma tributária, Lula ainda voltou a prometer que pretende isentar quem ganha até R$ 5 mil de pagar Imposto de Renda. “Nós vamos parar de descontar imposto de renda das pessoas mais pobres para a gente aumentar um pouco a contribuição das pessoas mais ricas”, pontuou o candidato. De acordo com ele, se eleito for, o governo irá renegociar as dívidas de famílias “para que as pessoas voltem a ter crédito outra vez”.
Lula promete concluir obras do hospital regional
O candidato ainda aproveitou a visita ao Vale do Mucuri para prometer que irá concluir as obras do Hospital Regional de Teófilo Otoni. Paralisadas há anos, as obras do equipamento, orçadas em cerca de R$ 104 milhões, foram relicitadas em 30 de julho pelo governo Romeu Zema (Novo). Inclusive, o extrato do contrato entre o Estado e a KTM Administração e Engenharia Ltda. foi publicado na última quarta-feira (19) no Diário Oficial do Estado.
A data, aliás, foi criticada por Lula. “Ele vai vir a Teófilo Otoni prometer fazer o que já poderia ter feito há oito anos atrás, há quatro anos atrás, há três anos atrás e não fez. Então, vocês precisam ficar em alerta e muito espertos”, disse o ex-presidente. Há uma agenda do governador reeleito e Bolsonaro prevista para a próxima quarta-feira (26) em Teófilo Otoni.
Lula, então, anunciou que, caso seja eleito, o Hospital Regional de Teófilo Otoni também funcionará como um hospital universitário. “Quero assumir com o nosso prefeito o compromisso de fazer um hospital universitário para que os estudantes de Medicina possam aperfeiçoar os seus cursos”, prometeu. A cidade é sede de um dos campus da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri.