Mesmo não sendo uma peça de longa duração, Paulo Goulart Filho confessa, de bom humor, que termina cada apresentação de “Francesco” exaurido. É que, no monólogo que estreia na capital mineira nesta quinta-feira, no Teatro 2 do CCBB BH, ele interpreta nada menos que 25 personagens, sendo o principal deles, São Francisco de Assis, em torno do qual gira a trama. Mas, que fique claro, o Francisco que aparece em cena não foi inspirado na biografia criada pela igreja, mas no último texto deixado pelo dramaturgo italiano Dario Fo, falecido há três anos.
A iniciativa de montar a peça no Brasil partiu de Neyde Veneziano, pesquisadora da obra do Nobel de Literatura 1997, ao qual chegou a conhecer, durante o período em que viveu na Itália, onde fez seu pós-doutorado. “Nunca havia trabalhado na proposta cênica de Dario Fo, então, foi um mergulho”, conta Goulart Filho, destacando que a forma de atuação proposta pelo italiano é mais popular, dialogando com o teatro de rua. “Tanto que essa montagem não tem grandes cenários”, explica. “Não é uma biografia, mas se baseia em casos contados pelo povo, nas aldeias em que Francisco ia, pregando com sua linguagem popular, como num jogral. Evidentemente, o texto não deixa de lado a essência de São Francisco, ou seja, a da pessoa que pregava o amor, a caridade. Mas é preciso frisar que a peça não tem cunho religioso ou panfletário”, destaca Goulart.
Filho de Nicette Bruno e do saudoso Paulo Goulart, o ator lembra que sua filosofia é o espiritismo, mas que admira os valores enfatizados pelo frade que também se tornou conhecido como o protetor dos animais. “Estamos aqui de passagem, e entendo que quanto mais pensarmos no outro e exercitarmos o desapego, mais estaremos evoluídos”. Instado a falar sobre uma passagem da peça que destacaria, cita a conversa com o lobo, dito um predador, na qual o animal faz o santo refletir sobre as atrocidades que o homem, esse sim, comete com os animais.
O quê. "Francesco”
Quando. De amanhã a 23 de dezembro, quinta a segunda, 19h.
Onde. Teatro 2 do CCBB BH (pça. da Liberdade, 450)
Quanto. R$ 30 e R$ 15 (meia), na bilheteria ou no site Eventim