Para a escritora e fotógrafa Branca Maria de Paula, só o leitor(a) pode completar a obra de um(a) escritor(a). "Sem ele, seríamos invisíveis. Só o leitor pode me dizer se estou no caminho certo. Só ele pode me dar o aval para seguir adiante, apesar de todos os contratempos", pontua ela, que é a convidada da edição desta quinta-feira, às 19h, do projeto "Sempre um Papo".

A fala da mineira vem como resposta à indagação da reportagem sobre a importância de um autor manter um intercâmbio de ideias com o público, como este de agora, que, vale dizer, marca o início de uma série de conversas com autores nascidos em cidades do interior de Minas - Branca é natural de Aimorés. Embora o evento desta quinta seja online (com transmissão pelo YouTube, Facebook e Instagram do projeto), o público poderá participar por meio do chat.

No encontro, Branca conversará com a jornalista Jozane Faleiro sobre seus três mais recentes livros: "A Luz Paralela" (2017), “Nanocontos” (2019) e “Um Fio Para Se Perder – Contos De Saia Curta” (2021), além de colocar em retrospecto a sua carreira na literatura. No caso do último título, o lançado no ano passado, Branca conta que muitas das 37 narrativas curtas que o compõem vieram como reverberações de cenas que presenciou.

Caso de "Sabedoria", que tem como cenário o canteiro central da avenida Getúlio Vargas, na Savassi, onde um homem esbraveja, gesticula furiosamente, como a revidar uma ofensa grave. No entanto, os transeuntes seguem seus trajetos, impassíveis. "Nasceu a partir de uma cena que assisti exatamente ali, no local descrito, e que na hora me deixou muito sensibilizada", conta, acrescentando que o desafio foi fazer do fato uma peça literária. "Nada eu achava bom e tive que reescrevê-la várias vezes", admite.

Já a centelha de “Amor aos Pedaços” não tem uma localização consciente. "Não sei como nem porquê surgiu. Certamente minha bagagem feminina e o inconsciente trabalharam a meu favor", presume. "Fez suspiros e com eles encheu o quarto. Fez amor-aos-pedaços e espalhou pelo chão da casa, preenchendo todos os espaços vazios. Superlotou a geladeira com papo-de-anjo, abarrotou a pia de sonhos e fechou as janelas para que não escapassem em debandada. Mas, antes, soltou os periquitos. Encheu o armário de casadinhos e trancou as portas para que não fugissem", diz um trecho.

Sobre a autora (*)

Mineira de Aimorés, Branca Maria de Paula é licenciada em Filosofia pela UFMG e reside em Belo Horizonte. Ela estreou na literatura em 1978, quando venceu o Concurso Nacional de Contos Eróticos da Revista Status com o conto “Fundo Infinito”, que foi censurado pela ditadura civil-militar. É autora de diversos livros de contos como “A Mulher Proibida” (1980), “O Desfecho Da Peça” (1985), “Nanocontos” (2019), entre outros. Tem textos publicados em antologias como “Retratos Da Escola” e “Vou Te Contar – 20 Histórias Ao Som De Tom Jobim”. Além disso, é autora de 16 livros infantojuvenis. Branca Maria de Paula recebeu vários prêmios por sua obra e participa ativamente de manifestações culturais relacionadas à literatura, fotografia e cinema. (* este trecho foi transcrito do material divulgado pelo projeto)

Serviço:

Sempre Um Papo recebe Branca Maria de Paula
Nesta quinta (10), às 19h
Local: YouTube, Instagram e Facebook do Sempre Um Papo

Informações: www.sempreumpapo.com.br