Quadrinhos

Cartunista Nilson Azevedo lança livro 'A Caravela', reunindo suas tirinhas

Obra, que será lançada nesta sexta-feira na programação do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte - FIQ-BH, reúne produção do artista ao longo de 30 anos

Por O TEMPO Diversão
Publicado em 04 de agosto de 2022 | 19:45
 
 
Cartunista Nilson Azevedo apresentou a tirinha de 'A Caravela" pela primeira vez em 1975 Foto: Carlos Machado/Divulgação

Tirinha que permeou as páginas de importantes jornais brasileiros durante 30 anos - tendo sua publicação original realizada em 1975 -, "A Caravela" é um marco pelo humor que levou aos leitores para contar a história da chegada dos portugueses ao Brasil.

Agora, quase 50 anos após seu nascimento, o cartunista Nilson Azevedo, o pai deste traço, apresenta ao público o livro "A Caravela", que reúne todas as 230 tirinhas com as aventuras de Manuel e Joaquim em terras tupiniquins.

O livro, que unifica as tirinhas clássicas com outras obras do artista, como "Pindorama", "Situação", "Milagre dos Peixes" e "As Invasões Portuguesas", será lançado nesta sexta-feira (5), às 17h, na programação do 11º Festival Internacional de Quadrinhos - FIQ BH, que acontece no Minascentro.

"A história oficial sempre fala dos nobres e líderes, como (Pedro Álvares) Cabral. E eu quis criar meus heróis contando sobre os marinheiros pobres, Joaquim e Manuel. Infelizmente, muitos dos problemas atuais do Brasil vieram com a caravela. E eu abordo esses problemas com humor", conta Nilson.

"A Caravela" conta a história de Manuel, um agricultor que depois de uma noite de bebedeira acorda em uma caravela portuguesa, e Joaquim, um plebeu alfabetizado que inspirado nas viagens de Marco Polo deseja desbravar novos horizontes.

A narrativa, que se passa no período das grandes navegações, é contada sob o ponto de vista dos marinheiros e traz os dissabores de uma tripulação, de forma envolvente e com um humor apurado, repleto de ironia e sarcasmo, além de reflexões profundas sobre a condição humana, as desigualdades sociais, religião, liberdade e sexualidade.

"Minha bisavó era índia Puri, e eu sempre quis contar a história do descobrimento pelos quadrinhos. Resolvi fazer 'A Caravela' e 'Pindorama', que conta a história do índio no Brasil antes da chegada das caravelas portuguesas", explica o artista belo-horizontino, que ressalta a história e a identidade nacional como um norte para suas criações.

"Nos quadrinhos, a maioria dos heróis são norte-americanos, nunca me conformei com isso. Queria ver quadrinhos com índios, portugueses e que retratassem a nossa história. Vejo com muito bons olhos o surgimento de quadrinhos que falam sobre a história de Zumbi (dos Palmares). É importante que o quadrinho sirva para ensinar e divertir falando de nossa identidade nacional", pontua.