O Brasil perdeu um dos seus grandes artistas na manhã desta quinta (23). O cantor, compositor e cineasta Sérgio Ricardo, que atuou em movimentos que redefiniram a cultura brasileira, como a bossa nova e o cinema novo, morreu aos 88 anos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, desde abril, quando contraiu Covid-19, e teve uma insuficiência cardíaca nesta quinta.
Sérgio vai ganhar uma homenagem do canal Curta! com exibições especiais do episódio dedicado a ele da série "Expresso", de 2017. Intitulado "Pássaro do morro", o episódio, dirigido por Hilton Lacerda e Joaquim Castro, traz um depoimento exclusivo do artista, cujo nome verdadeiro era João Lutfi, em que recorda sua trajetória, tendo como pano de fundo as ruas do Vidigal, onde escolheu morar.
O programa vai ao ar neste domingo (26), às 13h20, e tem reapresentações na segunda, às 18h30, e na terça, às 12h30.
Apresentado por Miele a João Gilberto, em 1958, Sérgio Ricardo fez parte do grupo fundador da bossa nova. No entanto, logo se tornou um dissidente. Ele fala sobre isso: "A minha primeira música que foi gravada foi 'Zelão', que contava a história de um homem do morro, o que contradizia a temática da bossa nova, que queria falar do mar, do amor, da garota de Ipanema, de coisas da pequena burguesia".
Protagonista de uma polêmica ao quebrar seu violão no III Festival da Música Brasileira, em 1967, ele também faz críticas àquele tipo de evento: "uma coisa que os festivais fizeram que foi muito prejudicial à cultura brasileira foi estabelecer que o bom era o que se mostrava ali. O resto não valia nada".
No programa exibido pelo Curta!, ele fala também sobre a escolha por tratar da realidade política brasileira, a censura que sofreu da ditadura e seu sumiço da mídia: "eu virei um sujeito absolutamente desconhecido no Brasil. Hoje, ninguém sabe quem eu sou. É pouca gente que sabe".