Delícia frita

Da coxa-creme à de jaca: conheça histórias sobre a coxinha e sabores diferentes

Origem do salgado remonta aos tempos do Brasil Império; em BH, bares e lanchonetes servem versões variadas da iguaria

Por Laura Maria
Publicado em 29 de agosto de 2022 | 06:00
 
 
Coxa creme é uma das iguaridas do Querida Jacinta Foto: Victor Schwaner/divulgação

Reza a lenda que a coxinha só foi criada para atender aos caprichos de uma criança da realeza. No século XIX, a família real estava de passagem por Limeira, no interior de São Paulo, quando o menino, filho do imperador dom Pedro II, caiu em prantos ao saber que não haveria coxas de frango para uma das refeições.

Então a cozinheira da família improvisou: desfiou a carne, envolveu-a numa massa de batata e farinha de mandioca, moldou em formato de pera e colocou um ossinho na ponta. Depois disso, o garoto não só se acalmou ao saborear a iguaria, como a receita se popularizou pelo país e perdura até os dias de hoje. 

Uma versão semelhante àquela dos tempos da realeza pode ser encontrada no Querida Jacinta, em Belo Horizonte, onde a coxa de frango assada é envolta por uma massa de abóbora e batata com creme de queijo e finalizada na fritura. Sócia e proprietária do bar, Keyla Monadjemi comenta que a coxa-creme é sempre uma surpresa para quem a saboreia pela primeira vez.

“As pessoas acham superdiferente o fato de ser a coxa inteira, inclusive com o osso, que serve para segurar e comê-la com a mão mesmo”, afirma, destacando que a iguaria é um dos carros-chefe da casa e que as “pessoas adoram fotografá-la, porque a coxa-creme é superfotogênica”. 

Coxinha de frango com Catupiry foi criada em BH

No entanto, a versão do salgado mais apreciada em festinhas ou nas estufas das lanchonetes são aquelas de peito de frango desfiado envolvido em massa feita de farinha de trigo. E, desde a década de 1970, o salgado ganhou um ingrediente extra: o Catupiry.

A responsável pela criação da coxinha com o queijo é Thereza Christina, que durante anos esteve à frente da Doce Docê. Na época, ela testou a receita com vários tipos de queijo, até chegar ao Catupiry.

“A dona Thereza foi a maior compradora de Catupiry na época. Ela, inclusive, foi ajustando o queijo com os próprios produtores, e eles sempre acataram as sugestões dela”, relembra Adriana Jorge, que hoje é quem comanda a lanchonete. 

Quem também decidiu inovar nos sabores da coxinha foi João Mendes Ribeiro, sócio e proprietário da lanchonete Léo Coxinhas. Por lá, além da clássica coxinha de frango, é possível experimentar versões preparadas com carne-seca e requeijão, camarão com requeijão e requeijão puro. Ribeiro atribuiu o sucesso do salgado à maneira de produção. “São todas fabricadas de maneira artesanal e com matéria-prima selecionada”, garante. 

Para além da coxinha de frango

No cardápio do bar Uaimií também há uma coxinha que foge do comum: a feita de rabada. Chef e sócio da cervejaria, Guilherme da Silva Lopes defende que o corte da carne de boi se adapta perfeitamente à receita. “A rabada é muito saborosa e representa bem a brasilidade. Muitas pessoas estranham ao vê-la no cardápio por não conhecerem a iguaria, mas, quando a experimentam, acabam se surpreendendo”, diz. No bar, a coxinha é servida acompanhada de molho aioli de limão. 

Mas não só de receitas com carne vivem as coxinhas “diferentonas”. No Café com Letras, há duas opções veganas: a de jaca e a de cogumelos. Segundo Ana Maria de Oliveira, chef vegana do café, o cuidado no preparo do salgado vai da massa ao recheio.

“Trabalhei em muitas receitas até chegar na que temos hoje. Na massa, por exemplo, não vai ovo nem leite, então fui testando vários ingredientes”. De acordo com a chef, o segredo do sabor está no tempero dos salgados. Atualmente, apenas a coxinha de cogumelos está no cardápio do café, em função da sazonalidade da jaca, abundante somente nos primeiros meses do ano.