A informação pode surpreender muita gente: Marcelo Veronez, 37, nunca teve um bloco “pra chamar de seu” em BH. “Nos outros eu era um mero coadjuvante”, afirma o cantor de presença cativa nos blocos do Manjericão, Roda de Timbau, Havayanas Usadas e Corte Devassa, cujo hino foi gravado em seu CD de estreia, “Narciso Deu um Grito” (2017), todo dedicado à folia.

“Carnaval para mim virou um sinônimo de transformação e libertação das amarras. O entendimento do que é o meu corpo exposto. Antes disso você nunca me veria na rua de camiseta e short curto”, diz. Agora ele assume de vez esse protagonismo com o “Baile do Prazer”, que recebe nesta sexta-feira (18) sua primeira edição. A ideia surgiu quando Veronez assistia a um show de Moraes Moreira no Distrital do Cruzeiro, no ano passado, ao lado de Gustavo Caetano, fundador do bloco Samba do Queixinho.

“Quando o Moraes tocou ‘Bloco do Prazer’ (parceria com Fausto Nilo gravada por Gal Costa em 1982), a gente se olhou emocionado”, recorda Veronez. Assim nasceu a ideia de um bloco dedicado ao frevo, mas que, como admite o entrevistado, abriu o leque para outras possibilidades sonoras. Marchinha, maracatu, forró e MPB vieram se juntar ao baile. “O que nós queremos é carnavalizar o rock”, garante o cantor.

Para tanto, além de Veronez, a banda agrega Isabela Leite (percussão), Marcos Frederico (guitarra baiana), Matheus Rocha (guitarra), Brenda Vieira (baixo), Daylon Gomide (percussão) e Gustavo Caetano (bateria). “Gosto dessa ideia de baile, das pessoas irem fantasiadas, como num teatro de revistas. Eu penso sempre em algum personagem”, declara Veronez.

Política. O cantor também é um entusiasta do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, no qual se sagrou vencedor como intérprete de “Não Enche o Saco do Chico”, em 2017. “As marchinhas fazem leituras do momento político de forma irônica. O mercado não gosta desse deboche”, alfineta.

Apesar do panorama político tender a inspirar novas criações nesse sentido, ele não se mostra satisfeito com a situação. “O poder totalitarista e violento tem medo da cultura porque sabe que ela pode virar o jogo”, conclui o artista.

Agenda. “Baile do Prazer”, nesta sexta-feira (18) , às 22h, na Gruta (rua Pitangui, 3.613, Horto). R$20 e R$ 15 (fantasiado).