O movimento feito por corpos depois da morte já é velho conhecido da ciência – eles emitem gases e podem até fazer barulho durante o processo de decomposição. Mas, agora, uma pesquisadora australiana sugere que os cadáveres podem se movimentar por muito tempo além do que se imaginava – e se mover por mais de um ano. 

Em entrevista à Australian Broadcasting Corporation (a TV pública australiana), a pesquisadora Alyson Wilson detalhou a descoberta: “O que descobrimos foi que os braços (do cadáver) estavam se movendo bastante, de forma que os membros que estavam virados para baixo ao lado do corpo acabavam ficando para cima”. 

A observação partiu de imagens de um cadáver em “time-lapse” (técnica de aceleração de vídeo) a cada meia hora, durante 17 meses. As conclusões de Wilson ainda vão ser detalhadas em um estudo, mas se alinham a uma pesquisa que ela publicou em agosto no periódico “Forensic Science International”, quando observou imagens do corpo de uma pessoa (que morreu de causas naturais) durante seis meses.

Segundo a pesquisadora, os movimentos podem ter origem no encolhimento e na contração dos ligamentos do corpo à medida que eles ficam mais ressecados após a morte. À mesma emissora, a supervisora do estudo, a antropóloga forense Xanthé Mallett, reforçou que o achado é significativo para a medicina forense. 

Ela lembrou que os investigadores costumam registrar que uma pessoa morreu exatamente na posição em que é encontrada, a não ser que tenha sido movida por alguém ou um animal, por exemplo.

Fazenda de cadáveres’ 

Wilson e Mallett são pesquisadoras da Instalação Australiana para Pesquisas Experimentais Tafonômicas (After). Fundado há três anos pela Universidade de Tecnologia de Sydney, o local serve como locação para estudos de tafonomia – a análise da decomposição de cadáveres. 

A instituição recebe doações de corpos a fim de aprimorar investigações policiais para busca, localização e identificação de restos mortais. Nos Estados Unidos, locais como esse são popularmente conhecidos como “fazendas de corpos”, pois, muitas vezes, os cadáveres ficam espalhados pela área em espécies de gaiolas. 

A After se diz a primeira unidade do tipo fora dos Estados Unidos e, portanto, a única do Hemisfério Sul. Assim, espera descobrir particularidades sobre a decomposição dos corpos em ecossistemas diferentes do norte-americano. 

Algumas descobertas já estão sendo notadas: um estudo da instituição mostrou que, no local, os corpos tendem a se mumificar (pele e tendões se tornam mais secos, enquanto o restante do copo se decompõe), por exemplo.