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Cientistas defendem consumo de carne de cobra para redução da crise climática

Pesquisadores de diversos países analisam dados sobre a criação de répteis em cativeiro para consumo humano

Por Cinthya Oliveira
Publicado em 20 de março de 2024 | 18:29
 
 

Você já pensou em comer carne de cobra? Isso pode parecer estranho para muita gente, mas um grupo de cientistas acreditam que esta pode ser uma proteína animal para seres humanos com menor impacto ao meio ambiente, de acordo com reportagem publicada na revista científica “Nature” publicada recentemente. 

A matéria, assinada pela jornalista Meghan Barthels, mostra que um grupo de pesquisadores analisa dados de fazendas comerciais de pítons existentes no Vietnã e na Tailândia para determinar se conseguiam distinguir as cobras criadas na natureza das criadas em cativeiro. Eles verificaram que essas cobras demonstram um crescimento muito rápido - uma vantagem sobre aves e mamíferos que já fazem parte da alimentação de boa parte dos quase 8 bilhões de habitantes da Terra.

Os pesquisadores buscam alternativas especialmente para a produção de carne bovina, já que vacas e bois produzem quase 10% das emissões mundiais de gases de efeito estufa - além disso, a pecuária é apontada como uma das principais causas para o desmatamento em diversos países, incluindo o Brasil.

A reportagem traz uma explicação possível para o crescimento rápido de cobras criadas em cativeiro. “As pítons, como todas as cobras, são ectotérmicos, ou animais de sangue frio, o que significa que a temperatura corporal é controlada pelo ambiente. Este estilo de vida torna as cobras propensas a tomar sol, mas também significa que, ao contrário dos mamíferos , os ectotérmicos não precisam de produzir calor para se manterem aquecidos – uma importante fonte de poupança de energia que lhes permite converter eficientemente os alimentos em massa corporal”, explica Meghan Barthels.

O fato de as cobras conseguirem ficar muito tempo em jejum também é apontado como uma vantagem dos répteis sobre aves e mamíferos em momentos de exceção, como a pandemia de Covid-19 ocorrida em 2020. 

“Como esperamos uma volatilidade económica e climática global ainda maior no futuro, as pítons podem ser uma solução para esses desafios futuros”, afirma Dan Natusch, herpetologista da Universidade Macquarie, na Austrália.