A Justiça argentina colocou em prisão domiciliar a filha e o genro do falecido dono de uma casa cujo anúncio de venda revelou que abrigava uma pintura supostamente roubada durante o regime nazista, informou nesta terça-feira (2) o promotor do caso.

A medida judicial foi tomada por 72 horas, à espera de uma audiência de acusação, após várias buscas sem resultados para localizar a obra de arte.

Trata-se do genro e da filha de Friedrich Kadgien, conhecido em sua época como o 'mago das finanças' da SS, a força paramilitar do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial, que faleceu na Argentina em 1978.

O Ministério Público detalhou, em um comunicado, que na segunda-feira foram realizadas quatro buscas pela obra, mas "até o momento, o quadro procurado ainda não foi encontrado nem entregue à sede judicial".

A obra foi identificada pelo jornal holandês AD por meio de uma foto tirada de uma casa à venda em Mar del Plata, a 400 km ao sul de Buenos Aires, pertencente à família Kadgien.

A pintura, cuja autenticidade deve ser comprovada, seria "Retrato de uma dama", do italiano Giuseppe Ghislandi (1655-1743), que pertenceu ao colecionador judeu holandês Jacques Goudstikker.

De acordo com o jornal La Nación, o casal admitiu, em um documento judicial, que são os possuidores da obra de arte e a reivindicam como parte de seu patrimônio, por entender que qualquer causa relacionada à pintura está prescrita.

O advogado dos dois, Carlos Murias, disse que buscam imputar seus clientes por "encobrimento de contrabando", o que considerou "uma figura estranha de um delito prescrito", em declarações à imprensa de Mar del Plata.

O Ministério Público informou que, "no âmbito da operação desenvolvida na casa da irmã da mulher investigada, foram apreendidos dois quadros que, segundo especialistas em Artes Visuais especialmente convocados, poderiam ser de 1800".

"As obras serão analisadas para estabelecer se têm relação com pinturas roubadas durante a Segunda Guerra Mundial", acrescentou.

Na busca pela obra, participam a Interpol e a polícia federal argentina. Acredita-se que ela foi retirada após a divulgação das fotos.

Os herdeiros do colecionador holandês estão determinados a recuperar o quadro que consta em uma lista internacional de obras de arte desaparecidas.