A operação Voltando em Paz, coordenada pelo Itamaraty e executada pela Força Aérea Brasileira (FAB), cumpriu, com louvor, na segunda-feira à noite, a sua missão. Chegaram, ao todo, 32 pessoas, sendo 22 brasileiros, sete palestinos, com residência em nosso país, e três parentes. Esperavam todos sua libertação desde o início do conflito, que se deu no último dia 7 de outubro, entre Israel e o grupo fundamentalista Hamas (Movimento de Resistência Islâmica). Antes, o grupo era composto por 34 pessoas.
Todavia, uma mulher e sua filha de 12 anos, por motivos particulares, segundo informação do Itamaraty, lá permaneceram. O sofrimento durou 37 longos dias, até a tão esperada chegada ao Brasil. Presenciar a morte de civis e crianças não foi fácil.
Depois da chegada do grupo a Brasília, o governo federal terá repatriado 1.462 brasileiros, além de palestinos e bolivianos, num total de 1.477 passageiros, que manifestaram o interesse de voltar à sua terra. Nos voos vieram, também, 53 animais domésticos. Foram usadas, na bem-sucedida operação, três aeronaves da FAB e duas da Presidência da República. O presidente Lula fez questão de dar parabéns ao Itamaraty e à FAB. Ambas demonstraram, sem qualquer dúvida, leitor, dedicação no cumprimento de uma operação humanitária.
Estou de volta a esta página depois de revisitar Lisboa entre os dias 21 de outubro e 8 de novembro. De lá, acompanhei, como pude e me foi possível (eram muitos os compromissos...), não só o conflito bélico entre Israel e o grupo terrorista Hamas, mas, igualmente, o que acontecia por lá e por aqui, no Brasil. Depois de encontrar brasileiros em vários lugares, muitos deles apenas turistas, outros residentes em Lisboa, com emprego e endereço fixo, sempre me surgia a indefectível pergunta: por que alguns deles vieram trabalhar e residir em Portugal? E pensava comigo mesmo: cada um tem uma história triste para contar...
Deixei Portugal, que, segundo os entendidos, está bem economicamente, mas, mesmo assim, sob a ameaça de greve geral do funcionalismo público, motivada pela crise na saúde pública. E, na véspera de retornar ao nosso torrão, ocorreu a renúncia do primeiro-ministro António Costa. Ele teria interferido para ajudar “nos trâmites” da exploração de lítio e hidrogênio verde por empresas privadas. Ouvi atento, pela CNN Portugal, o seu discurso, sobretudo quando disse que o cargo que exerce não é compatível “com qualquer suspeição sobre sua integridade”. Uma decisão, aliás, que não é muito comum entre nós.
O próprio presidente Marcelo Rebelo, que, segundo lá me disseram alguns portugueses, é muito querido pelo povo, estaria envolvido em suspeitas de favorecimento no acesso de duas crianças brasileiras a remédio milionário. O caso também está sendo investigado.
Lá, como cá, problemas há.