Qual a relação entre mitocondriopatias e fibromialgia? A mitocôndria é responsável por produzir energia em forma de ATP. Quando essa produção de energia é afetada – seja por suprimento diminuído de oxigênio, exposição a toxinas ou radiação –, não estamos oferecendo condição de as mitocôndrias funcionarem apropriadamente.

Essa diminuição do funcionamento mitocondrial produz sintomas como cansaço excessivo; dor muscular; cãibras frequentes; síndrome do intestino irritável; podendo chegar a diabetes, insuficiência cardíaca e, principalmente, a síndrome da fadiga crônica, problema do qual já tratamos e que está intimamente ligado à fibromialgia.

Não tratarei de mitocondriopatias genéticas nesta crônica – deixarei para um trato mais profundo.

É necessário ir além do rótulo, como é possível perceber. Por vezes a mitocondriopatia pode ser percebida como fibromialgia, fazendo com que o paciente se sinta preso, numa rua sem saída, na qual a única ajuda será por meio de medicamentos. E mais uma vez perderá autonomia. Tomará um antidepressivo ou relaxante muscular, mas, se não for até a raiz do problema, poderá ficar preso ao uso de medicamentos que afetarão e sobrecarregarão outras partes do corpo.

Em toda doença rotulada, é necessário encontrar a causa; o diagnóstico não é o fim. Recebi recentemente uma paciente em meu consultório com essa mesma situação, apresentava todos os sintomas de mitocondriopatias. No entanto, ao se consultar com outro médico, ela saiu com o diagnóstico de fibromialgia.

Questionei: o que é fibromialgia? Fibromialgia é a representação de galhos, mas não da raiz do problema. Aquilo que habita na base da fibromialgia pode ter várias fontes, e uma delas é a dificuldade de assimilar componentes que ajudam o corpo a funcionar ou até a falta desses nutrientes. Por isso é necessário garantir boa nutrição das mitocôndrias.

Uma boa alternativa para quem está apresentando baixa oxigenação da mitocôndria é a prática de atividades físicas com foco aeróbico, algo que, não curiosamente, ajuda, e muito, quase todas as pessoas com o diagnóstico de fibromialgia. Uma alimentação menos inflamatória também é essencial para garantir o funcionamento regular de todo o corpo.

Concluo dizendo mais uma vez que precisamos ser donos de nosso caminho e história, precisamos ser inquietos e constantes na busca da saúde verdadeira e sustentável. Nesse caminho, é sempre bom contar com médicos e outros profissionais da área da saúde, mas nem o melhor dos médicos será capaz de conquistar a saúde por você.

O uso de medicamentos por vezes se faz necessário, mas eles devem ser processo, e não o fim da jornada.

Convido todos a se questionarem: onde me acomodo? Quais são minhas muletas quando se trata de saúde? Tenho certeza de que, ao responder a essas questões, você estará mais próximo da saúde plena, verdadeira e livre.

Dra. Meira Souza é médica e escritora