No momento em que se discute temas como inteligência artificial, internet das coisas e indústria 4.0, o Brasil ainda tem quase 30 milhões de pessoas sem acesso à web. O número de desconectados no Brasil chegou a 29 milhões em 2023, segundo pesquisa TIC Domicílios 2023, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação.
A quantidade de pessoas sem acesso à internet no Brasil corresponde às populações de Uruguai, Paraguai e Chile somadas. O perfil dos desconectados é o mesmo das camadas mais vulneráveis: idosos, pobres e pretos e pardos.
Ao ficarem de fora do mundo digital, essas pessoas e suas gerações futuras se distanciam da cidadania plena. Serviços como saúde, educação e mobilidade são facilitados pelo acesso da internet. Além disso, as oportunidades de emprego da nova economia dependem da web.
Apesar da grande massa desconectada, o país vem avançando no acesso à internet. A TIC Domicílios aponta aumento de 81% para 84% da população conectada entre o ano passado e este ano.
O acesso por si só é um trunfo, mas é preciso aprofundar o debate para a qualidade do uso da internet. Para que isso aconteça de forma eficiente é preciso que o processo faça parte de um projeto estruturado de educação, que envolva programas de ensino, preparação do corpo docente e adaptações de infraestrutura em escolas, por exemplo.
A falta de estrutura nas instituições públicas de ensino escancarada na pandemia é uma realidade crônica. No início do ano letivo de 2023, 30.024 escolas municipais e estaduais — de um total de 138.803 no país — ainda não estavam conectadas à rede mundial de computadores.
O investimento em estrutura para a educação sempre compensa em termos econômicos e sociais. Vidas podem ser transformadas quando a internet é usada como uma ferramenta positiva, seja no caso da criança que tem aulas de programação online ou do idoso que realiza consultas médicas à distância.