A crise fiscal do Estado mineiro tem raízes históricas, que não cabe agora apontar os antecedentes. Governos passados não tinham noção de responsabilidade fiscal. Porém, a situação se agravou com a redemocratização, apesar de ter sido aprovada uma lei obrigando os entes federados a conter seus gastos.
O governo atual tenta fazer um acordo com a União, enquadrando o Estado no Regime de Recuperação Fiscal. Das negociações, emergiu um relatório que aponta os responsáveis pela crise que o Estado atravessa.
Segundo o documento, emitido pela Secretaria do Tesouro Nacional, os governos Anastasia e Pimentel foram os responsáveis pelas principais mudanças que estrangularam as contas públicas de Minas. Ambos aumentaram o gasto com pessoal, concedendo reajustes salariais extras principalmente a policiais e professores.
Anastasia dobrou a remuneração para policiais militares e civis e bombeiros. Numa situação de estabilidade monetária controlada, o reajuste foi escalonado em quatro anos, chegando ao final a 100%. Nesse período, a inflação acumulada foi de 35%.
O governo também teve de aumentar o gasto com educação porque o Tribunal de Contas estadual considerou que o pagamento de aposentados e pensionistas não poderia entrar na conta do mínimo de investimento da pasta, que é de 12%. Anastasia ainda incorporou gratificações ao salário-base do pessoal da saúde.
Pimentel atendeu a reivindicação dos professores de pagar o piso nacional para uma jornada de 40 horas semanais, mesmo que esses, aqui, trabalhassem 24 horas semanais. Na realidade, concedeu um reajuste sem que o Estado tivesse condições para isso.
O resultado de tanta benevolência é observado agora: metade do Orçamento do Estado é gasto com o pagamento de salários de policiais e professores. Entre 2011 e 2018, os primeiros tiveram um crescimento de ganhos de 139%, enquanto a inflação no período foi de 48%.
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