O encolhimento da economia global previsto pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para este ano – com o Brasil patinando em pífio 1,7% de avanço – é um apelo urgente para a superação das diferenças entre os Poderes em favor da retomada da agenda de reformas econômicas.

Não bastassem a retração dos negócios na China – maior importador de produtos brasileiros – e o avanço do coronavírus, obstáculos ao desenvolvimento global, entraram em compasso de espera as reformas administrativa e tributária, necessárias para aliviar o peso do Estado e de sua ação sobre o livre mercado. E isso se reflete nas expectativas dos investidores nacionais e estrangeiros.

Analistas de mercado ouvidos no Boletim Focus, divulgado ontem, reduziram a expectativa de crescimento da economia neste ano de 2,2% para 2,17%. Isso após um 2019 com uma evolução de 1,1% na estimativa de consultorias independentes, enquanto o IBGE não divulga os dados consolidados do ano.

Além disso, nos dois primeiros meses do ano, pelo menos US$ 34,9 bilhões em investimento estrangeiro na Bolsa deixaram o país – cerca de três quartos do valor de todo o ano passado. Dinheiro essencial para a necessária recuperação da economia. Um estudo do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) aponta que o Brasil completou 22 trimestres abaixo dos índices pré-crise (2014-2016).

Esses dados demonstram a necessidade de Executivo e Legislativo caminharem juntos em favor de pautas construtivas, sem perder tempo com falsos embates de poder, e criarem urgentemente as bases para a construção de um ambiente de negócios que embase a volta dos investimentos e da geração de empregos.