A atual crise hídrica, a pior em 91 anos, ressuscitou o debate sobre o horário de verão. Amado por alguns, odiado por outros, para entidades empresariais e do setor energético, ele não é mais uma questão de gosto, mas de necessidade. Afinal, os reservatórios da região Sudeste estão abaixo de 20% de sua capacidade, e as medidas para se evitar o apagão têm um alto custo.
Mesmo a adoção da bandeira tarifária, que teve um reajuste de 52% em julho, e a criação de uma taxa extra de R$ 14 para compensar o uso maior das usinas térmicas não foram suficientes, e há um rombo de R$ 5 bilhões que terá de ser pago pelos consumidores no ano que vem.
Neste ano, a conta de luz já subiu 10,6%, de acordo com os cálculos do IBGE, e, sem contar os gastos com a bandeira tarifária, projeta-se que ainda ficará em torno de 5% mais cara no ano que vem. Um custo muito difícil de suportar diante do encolhimento da renda.
Por isso o apelo ao horário de verão. A estimativa é de que ele gere uma economia entre 2% e 3% do consumo no início da noite. A quantia foi considerada “irrisória”, o que foi decisivo para selar o fim da medida há dois anos. Mas, hoje, segundo manifesto do setor divulgado na última segunda-feira, ela não pode ser desconsiderada.
Para 2022, o Operador Nacional do Sistema (ONS) trabalha com o cenário de reservatórios ainda em níveis críticos no início do ano e dificuldades de recuperação devido aos efeitos do fenômeno climático La Niña. Tornando necessário manter pelo menos 18 mil megawatts de geração de energia térmica no primeiro trimestre.
O debate sobre o horário de verão é emergencial, mas deve ser só o início da busca de um sistema mais eficiente e equilibrado para que o país não precise de uma hora extra de luz natural para não ficar muitas horas mais no escuro.