Proposta de financiamento privado de universidades pede mudança de cultura

Investir em educação

Proposta de financiamento privado de universidades pede mudança de cultura

Por Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2019 | 03:00
 
 

Nesta semana, o governo federal anunciou uma proposta de financiamento privado que poderia injetar R$ 102 bilhões nas universidades federais. O Future-se tem como base o patrocínio e a criação de um fundo imobiliário de R$ 50 bilhões, que seria financiado pela locação e negociação de terrenos e imóveis públicos.

Só o valor desse fundo equivale a todos os repasses federais previstos para este ano para as instituições de ensino superior.

O Brasil possui mais de 60 universidades públicas, com 1,12 milhão de matrículas. Várias têm a dimensão de pequenas cidades, como UNB, UFRJ e UFMG, e partilham de problemas semelhantes ao de prefeituras. Por exemplo, o comprometimento do Orçamento com a folha de pessoal, que, em alguns casos, pode chegar a 80%.

A proposta do Ministério da Educação, que chegará ao Congresso no final de agosto, após consulta pública, é que as universidades fortaleçam sua autonomia financeira. Isso se daria por meio da gestão de seu patrimônio imobiliário e da captação de recursos por meio de mecanismos de incentivo fiscal, inclusive a Lei Rouanet, e dos recursos destinados por ex-alunos.

A adoção desse modelo, vagamente inspirado na experiência norte-americana, depende da criação de uma nova cultura na relação entre a comunidade e a universidade. Nos Estados Unidos, onde a essa relação é fomentada desde o processo de seleção dos candidatos, em escolas como Harvard, por exemplo, doações espontâneas representam 44% da receita anual, o dobro da participação das mensalidades líquidas, segundo o balanço de 2018 da instituição.

Por aqui, essa relação estreita é praticamente desconhecida, e os recursos públicos, insuficientes. Dessa forma, apesar dos esforços, a academia brasileira só forma mais doutores por 100 mil habitantes do que México e Chile, em ranking de países da OCDE, e fica apenas em 12º lugar na produção de artigos sobre ciências e engenharia – com quase dez vezes menos publicações que China e Estados Unidos.