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EDITORIAL

Tragédias anunciadas

Dois dos 12 eventos climáticos extremos em 2023 no Brasil foram sem precedentes: a seca na Amazônia o ciclone extratropical no Rio Grande do Sul

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 09 de maio de 2024 | 07:44
 
 
 
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Enquanto o Rio Grande do Sul busca sobreviventes e contabiliza mortos na maior tragédia climática da história do Estado, eis que vem o alerta da Organização Meteorológica Mundial (OMM): “Um golpe duplo causado pelo El Niño e pelas mudanças climáticas atingiu a América Latina e o Caribe em 2023”.

O Brasil não ficou fora do relatório da agência, registrando nada menos do que 12 eventos climáticos extremos no ano passado. Dois desses fenômenos foram considerados sem precedentes: a seca na Amazônia em julho e o ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul em setembro, quando 54 pessoas perderam a vida. Oito meses depois, o Estado no Sul do país voltou a ser atingido por inundações, ainda piores, e já contabiliza cem mortos. 

Cinco ondas de calor, três chuvas intensas, uma onda de frio, uma inundação, uma seca e um ciclone extratropical, do Norte ao Sul do Brasil, no ano passado, foram reportados à OMM. A agência ressalta: o El Niño e as mudanças climáticas induzidas pelo homem exacerbam os eventos extremos e causam impactos na saúde, na segurança alimentar e energética e no desenvolvimento econômico.

Por aqui, em Minas, já ocorrem reflexos das enchentes, com limites de compras de pacotes de arroz em alguns supermercados e o anúncio do governo federal de importação do produto da Tailândia. É que o Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do país, respondendo por cerca de 70% da produção nacional. 

Apesar do aumento de eventos extremos, as verbas no Orçamento brasileiro para o combate a desastres foram reduzidas a um terço na última década – de R$ 4,3 bilhões em 2014 (R$ 7,8 bilhões, corrigidos pelo IPCA) para R$ 2,6 bilhões previstos neste ano. 

Ontem o governo Lula anunciou, dentro do Novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 1,7 bilhão para a prevenção de desastres naturais (contenção de encostas) em 91 municípios. Entre eles estão apenas dois do Rio Grande Sul: Santa Maria e Porto Alegre. Para mudar o cenário de tragédias, governos, políticos e sociedade precisam fazer mais. 

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