Editorial

O jogo do crescimento

Carga tributária sobre indústria de jogos eletrônicos

Por Da Redação
Publicado em 08 de outubro de 2019 | 03:00
 
 

Videogames há muito tempo deixaram de ser brincadeira. Cerca de 300 mil participantes previstos para o Brasil Game Show, que vai começar amanhã em São Paulo, são um indício. E US$ 1,6 bilhão de faturamento que essa indústria movimenta por ano comprovam o quanto é sério o negócio. O valor poderia ser maior, não fosse a carga tributária excessiva sobre os produtos, o que empurra os usuários para a pirataria.

Em agosto, um decreto federal possibilitou a redução de IPI de 50% para 40% sobre o preço dos consoles, bem como de 40% para 32% no caso dos acessórios. Apesar disso, impostos ainda representam 72% do valor de um jogo, tributos que são repassados para o consumidor.

Com isso, não surpreende que 82% de todos os games vendidos no Brasil sejam ilegais, de acordo com um levantamento do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP). Segundo o movimento Jogo Justo, criado em 2011 para defender propostas de redução tributária, é mais barato ir ao Paraguai para comprar um console e voltar do que adquirir um equipamento novo no Brasil.

Os impostos também são uma ameaça à expansão de um dos setores emergentes de maior potencial na economia. Em quatro anos, o número de desenvolvedores de games mais que dobrou no Brasil. Em Minas Gerais, a evolução chegou a 316%, segundo o Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, divulgado no ano passado.

A adoção de medidas duras contra a pirataria e, principalmente, a aplicação de impostos de forma mais justa e inteligente seriam estímulos poderosos para o segmento de jogos eletrônicos no país. E, pelo efeito positivo em seu faturamento e produção, representariam um investimento público consistente na inovação tecnológica e no desenvolvimento da economia.