As tempestades que atingem o Sudeste do Brasil neste verão são consequência de um novo padrão de precipitações na região, segundo estudos como o publicado em 2016 pela Universidade da Califórnia (EUA). O fenômeno, de acordo com meteorologistas, tem relação com as mudanças climáticas. 

Em 2020, em Belo Horizonte, já choveu 85% do previsto para o ano inteiro; na capital do Rio, o volume de precipitações chegou a 179 mm sobre o ponto mais alto da cidade; e nos últimos dias as chuvas em Santos (SP) deixaram ao menos 15 mortos e 43 desaparecidos.

Oito milhões de brasileiros moram em áreas de risco, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). 

São famílias que vivem nessas condições por causa da pobreza e da ausência do Estado, e não porque gostam, como sugeriu o prefeito carioca Marcelo Crivella.

Salvador lidera o ranking de capitais que abrigam cidadãos em áreas impróprias, com 1,2 milhão de pessoas, seguida de São Paulo (674 mil), Rio de Janeiro (444 mil) e Belo Horizonte (389 mil).

O risco seria menor se essas cidades contassem com políticas de habitação popular e planejamento urbano. 

Outras medidas que diminuiriam os danos estão relacionadas à redução da emissão de poluentes que contribuem para o aquecimento global. Pena que em tempos de relativismo científico essas ações estejam sumindo do horizonte. 

“Na natureza não existem recompensas nem castigos; existem consequências” foi uma lição dada pelo pensador norte-americano Robert Ingersoll, ainda no século XIX, mas que parece não ter sido aprendida 200 anos depois.