Editorial

Presente sombrio

Dia das Mães e retração na economia brasileira

Por Da Redação
Publicado em 08 de maio de 2020 | 03:00
 
 

Segunda data comemorativa mais importante do comércio, o Dia das Mães deve ter uma queda de 59,2% nas vendas deste ano no Brasil por causa dos impactos das medidas contra a pandemia. Em Minas Gerais, a perda, apesar de um pouco menor, ainda será colossal, 46,6%, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Esse fato tende a provocar um efeito cascata ao longo de toda a cadeia, não só pelo dinheiro que deixará de circular, como pelo fato de que o encalhe de mercadorias será um entrave para a decisão das indústrias de retomar sua produção total até que ele seja minimamente dissipado. E, sem isso, não há como captar recursos para investir em expansão ou modernização, agravando a crise nos fabricantes de bens de capital (equipamentos para as indústrias), que já amargam queda de até 90% nas encomendas.

Um levantamento do SindiTelebrasil, sindicato que reúne as empresas de telecomunicações, aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) fecharia o primeiro trimestre deste ano 11,5% menor do que o registrado em 2014 (ano-chave para a grande recessão que sobreveio no biênio seguinte). A recuperação, prossegue o estudo, não ocorreria antes de 2023 – ou seja, uma nova década perdida para o país.

Apesar de sua importância dramática, a pandemia não é a única responsável por esse cenário desolador. Nos últimos três anos, o crescimento de vendas nunca havia ultrapassado 2,7% no Dia das Mães (contra até 10,9% antes da recessão), e a ociosidade da indústria já sinalizava crescimento antes de março deste ano.

Esses dados reforçam a urgência de políticas públicas de estímulo e da liberação de crédito dos bancos para o setor produtivo atravessar a atual crise e, enfim, gerar prosperidade e emprego.