Editorial

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Famílias das vítimas da tragédia de Brumadinho convivem com a incerteza e a esperança

Seis meses de dor

Publicado em: Qui, 25/07/19 - 03h00

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Angelita, João, Noel, Elis... Há exatos seis meses, incerteza e saudade ganharam nomes e rostos para as famílias dos 22 desaparecidos com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. A eles, foram negados o adeus e o luto que mães, filhos, companheiros e amigos de mais 248 vítimas da lama se viram repentinamente forçados a guardar.

Como retrata a reportagem de O TEMPO, hoje, desde aquele 25 de janeiro, Iolanda de Oliveira Silva mantém intacta a mala preparada para a viagem que o filho Robert Ruan faria após retornar da mina de Córrego do Feijão. Junto com alguma notícia, ela espera respostas.

Por que a mineradora mantinha instalações e até um restaurante no caminho da ameaça iminente de 10,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos? Por que as deformações detectadas pelo radar em uma área de quase 15 mil metros quadrados foram ignoradas? Por que menos de quatro anos duas barragens de grande porte da mesma empresa se romperam? Quando os responsáveis serão punidos?

Essas são apenas algumas das questões a que os tribunais têm a missão responder; os legisladores e governantes, o dever de prevenir a repetição; e os responsáveis, a obrigação de reparar.

As investigações continuam. E espera-se que, em três meses, o Ministério Público – que diz já ter indícios suficientes para apontar os culpados – denuncie os acusados à Justiça. Até lá, é preciso cuidar das indenizações às propriedades destruídas, prestar contas às famílias dos mortos e não desistir de buscar as 22 pessoas que ainda estão desaparecidas.

A resposta sobre o destino delas também é procurada por médicos especialistas do Instituto Médico-Legal, que analisam mais de cem pedaços de corpos. São fragmentos de memória que insistem em denunciar a violência que uma onda de lama a 80 km/h é capaz de provocar sobre vidas e, principalmente, a destruição que a negligência e o descaso podem causar em histórias humanas.

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