O pacote de privatização anunciado nesta semana pelo governo federal reacende a esperança de que a expansão do metrô de Belo Horizonte deslanche. Entre as 17 empresas que serão vendidas, está a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), controladora do serviço na capital mineira.

Quando suas obras foram iniciadas, em 1981, a meta era que o trem urbano tivesse 60 km de extensão. Passados quase 40 anos, o seu tamanho de 28,2 km equivale a menos de um décimo dos metrôs de São Paulo e Rio.

Um estudo da Confederação Nacional do Transporte realizado em 2016 estimava que, para atender a demanda belo-horizontina, seriam necessários 199,5 km de trilhos, uma intervenção que exigiria investimentos de R$ 46,12 bilhões. Mas a liberação de recursos fica muito aquém desse valor.

Em abril, um acordo entre CBTU e Instituto de Defesa gerou o compromisso de que a empresa aplicasse R$ 2 milhões em obras de mobilidade até o fim do ano. Para se ter ideia do que é possível fazer com esse dinheiro, segundo estimativa da ONG Mobilize, instalar 1 km de metrô de superfície não custa menos que US$ 90 milhões.

Com a privatização, esperam-se reduções na burocracia e nos custos, com a eliminação do emaranhado de obrigações e exigências que envolvem as licitações públicas. Contudo, é preciso que o serviço, que hoje transporta 58 milhões de passageiros por ano, seja atraente e rentável para que a iniciativa privada assuma os riscos do investimento.

É essencial a formatação técnica e apurada do processo de venda. Do contrário, chegar ao Barreiro e à Savassi continuará a ser uma promessa recorrente a embalar o sono dos usuários do metrô de Belo Horizonte.