EDITORIAL

Toma lá dá cá

Bolsonaro teve uma ideia do tamanho das dificuldades que vai enfrentar com o reajuste salarial para os ministros do STF

Por Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2018 | 03:00
 
 

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, teve uma ideia do tamanho das dificuldades que vai enfrentar com a sanção pelo atual presidente, Michel Temer, do reajuste salarial para os ministros do Supremo Tribunal Federal.

Não adiantou o apelo, no início do mês, de Bolsonaro, para que o Congresso não aprovasse o aumento, que vai impactar não apenas o Orçamento do Judiciário, mas, por efeito cascata, também os dos Estados e municípios.

O país vive um momento de extrema gravidade, com um governo saindo e outro entrando, e este recebendo o Estado com um déficit superior a R$ 100 bilhões por ano, ao qual se acrescentarão mais R$ 4,1 bilhões em 2019.

Este é o custo da operação acertada entre o presidente do Senado, Eunício Oliveira, o presidente do Executivo, Michel Temer, e o presidente do Supremo, Dias Toffoli, para aumentar os salários dos ministros em 16,38%.

Trata-se de um índice injustificável, mesmo abrangendo vários anos, se se levar em consideração a situação de grande parte dos brasileiros, que se encontram desempregados, isto é, sem salário, muitos há anos.

Esses chefes dos Poderes da República ignoraram a penúria da população, alegando uma suposta necessidade de reposição de perdas, quando já têm salários condignos que pouquíssimos brasileiros ostentam.

Ainda negociaram compensar o reajustem com a revogação do pagamento do auxílio-moradia a juízes e procuradores para impactar menos as contas públicas.

O episódio deixa mal os Três Poderes, exibindo para o público como estes se comportam quando se trata de defender seus interesses. A conta, como sempre, vai sobrar para a população, inclusive os desempregados.

Nestes últimos dias de seu governo, o presidente Temer poderia ter tido um gesto que o reabilitasse perante a história, mas, ao contrário, contra todos os pedidos e recomendações, ele preferiu salvar a própria pele.