O fato de que apenas três em cada dez mineiras fazem mamografia é um sintoma do quanto a burocracia e a falta de informação lesam a saúde do país, como alertou matéria de O TEMPO na última quarta-feira. De 1,25 milhão de exames esperados pelo SUS, somente 366 mil foram realizados.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que ocorrerão 59,7 mil novos casos de câncer de mama no Brasil neste ano e que, a cada 100 mil mulheres, 15,9 vão morrer em função da doença, muitas vezes pela falta do diagnóstico precoce, condição vital para o sucesso do tratamento.
A Sociedade Brasileira de Mastologia denuncia a verdadeira maratona de guias e formulários que as pacientes enfrentam até terem acesso ao exame. Não raramente, é preciso deixar sua cidade para conseguir o serviço. Um estudo de dois pesquisadores do Cedeplar/UFMG mostra que, apesar de o país ter um número de mamógrafos mais que suficiente para atender a demanda, eles estão concentrados em poucas regiões. Quase um quinto dos equipamentos está a mais de 60 km do local em que a paciente vive.
Sem o alerta devido, em somente 51% dos casos o tratamento começa em até 60 dias após a descoberta do câncer de mama e, principalmente, nos estágios mais avançados (tipos III e IV). Isso significa, além do maior risco de mortes, custos do combate à doença até seis vezes maiores. Um estudo de 2016 da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) estimou que o SUS gastava R$ 11 mil para tratar uma paciente em fase inicial, enquanto que, quando os tumores já haviam se espalhado e comprometido o sistema linfático, a despesa alcançava R$ 65 mil. Uma conta muito alta em dinheiro, mas principalmente em vidas, que um toque de consciência poderia evitar.