Todo mundo sabe como a coisa funciona, mas nunca é demais repetir. Reparem a turma suando nas academias. Malha para perder peso, ganhar massa muscular, melhorar a forma física – benefícios da saúde, enfim. E qual é o caminho? Só existe um: o do esforço, da repetição, da perseverança, do cansaço. O exercício constante, disciplinado – às vezes até doloroso – gera rupturas microscópicas nas fibras que permitem o desenvolvimento muscular. Com os tecidos nobres – nossos delicados neurônios – o processo é análogo. Se não forem estimulados e exigidos, nada feito.

Sempre recorro a essa semelhança quando o assunto é a educação. Desde o curso primário percebemos que o esforço, a repetição, a perseverança e o cansaço entram na conta do aprendizado. Uma certa dose de estresse – proporcional à idade do aluno – também faz parte desse panelão que alimentará a fome de saber. Meus melhores professores, dos quais realmente absorvi conhecimentos, foram os mais chatos, cobradores, rigorosos. E aprendemos a não temê-los, a admirá-los e a desfrutar de sua sabedoria.

Porém, de uns tempos para cá, crianças e jovens das novas gerações passaram a ser superprotegidos de qualquer tipo de dificuldade. Ora: terão os obstáculos naturais do aprendizado também entrado nessa lista de coisas estressantes a serem evitadas? Pais e mães esperam (ou, quem sabe, exijam) que professores mimem seus filhos e respectivos neurônios, eliminando qualquer estorvo que atrapalhe o caminho florido e despreocupado da juventude hedonista?

"Aprender" virou secundário

Tudo deve ser “lúdico”? Propagandas de cursos de línguas prometem milagres em pouco tempo, livrando o incauto aluno de “coisas aborrecidas”. Um comercial de TV de uma faculdade oferece “só aula massa”. Mensagens desse perfil parecem convites para convívios felizes de alguns anos em companhia de professores legais, compreensivos, amigões, simpáticos e cordiais. Pague seu carnê em dia e garanta chateação zero, animação constante e um diploma ao final. O “aprender” é secundário.

Os resultados decepcionantes dessa educação enganadora e sem percalços já alertam especialistas. Em comparação com os estudantes de outras nações, os brasileiros há décadas despencam no ranking do Programa Internacional de Avaliação (Pisa), aparecendo nas últimas colocações. Será problema apenas dos alunos ou envolverá também aqueles que deveriam ensiná-los? Acomodada, estará a comunidade educadora aceitando a mediocridade da nossa educação?

Educação é apenas a sétima preocupação no país

Outro sintoma alarmante veio da pesquisa “What Worries the World”, (O Que Preocupa o Mundo) de maio de 2022, realizada pelo Instituto Ipsos. Esta sondagem avalia os temas que mais incomodam a população de inúmeros países. No Brasil, a educação surgiu apenas em sétimo lugar – atrás da corrupção, pobreza, violência, saúde, inflação e desemprego.

Com a educação cotada nesse nível deprimente, é urgente enfrentar o problema. Ou será tarde demais.

  • Abrindo espaço em meio a tantas indagações, um lembrete agradável: no próximo domingo, BH terá novamente a festa italiana de rua; um sucesso que se repete. Serão milhares de ítalo descendentes e amantes das coisas da Itália que passarão o dia curtindo emoções e atrações diversas promovidas pela Associação de Cultura Ítalo Brasileira (Acibra). Apareça na Savassi, você também.