O TEMPO

Que venha mais um ano

Faço votos de que os políticos deixem de pensar apenas em função dos projetos pessoais, do poder a qualquer preço

Por Vittorio Medioli
Publicado em 30 de dezembro de 2018 | 04:30
 
 

Se tivesse que usar apenas duas palavras para expressar os meus votos de Ano-Novo ao mundo inteiro e, em especial, aos meus leitores, usaria saúde e paz. O resto é sobra. Se pensarmos bem, não há como aspirar à prosperidade e à felicidade – metas de qualquer um – perturbados pelas doenças e enfrentando conflitos de toda ordem.

Num cartão que aceita uma mensagem de poucas linhas, desejo acima de tudo a alegria de viver, de se levantar de manhã e de se sentir bem no mormaço de uma praia, na seiva de uma mata, nas brumas da estação de chuvas, nas neblinas do inverno, no sol triunfante do verão. E com cheiro de manacá ao abrir a janela.

Desejo manhãs que comecem com o sabor de manga, com o gosto de maracujá, com pão quente e macio, com broa de fubá e chá de capim-santo colhido na horta.

Desejo, ainda, noites com grilos cantando, saturadas do perfume da dama-da-noite e de grama cortada, sonhos esplêndidos ao som de uma chuva fina.

Gostaria que cada um tivesse sempre alguém que se preocupasse com você quando baixa uma gripe, uma dor de estômago ou, simplesmente, quando a cara se fecha pela preocupação.

Desejo um colchão e um travesseiro limpos e macios, noites descansando na cama de casa mais do que de hotéis.

Para completar a felicidade, cachorros brincando, lambendo, correndo e pulando. Latindo de alegria ao vê-lo retornar do trabalho.

Mais do que luxo, desejo aos meus leitores e leitoras o conforto, o aconchego. Espero que se decidam a escolher um sapato confortável do que o mais sofisticado.

Que não se importem muito com o julgamento e as críticas dos outros e que prefiram atender a voz da própria consciência, mesmo quando incompreendida.

Desejo o fim do sufoco, das atribulações, do estresse para quem corre atrás de um emprego. Espero que a placa dependurada na porta de “não há vagas” seja substituída pela de “procura-se”.

Faço votos de que os políticos deixem de pensar apenas em função dos projetos pessoais, do poder a qualquer preço, e passem a agir, em primeiro lugar, em favor de quem acreditou neles e obrem para diminuir o sofrimento, mesmo dos adversários. Que todos possam dedicar um tempinho para ajudar um jovem, um idoso, um desesperado, porque com isso o mundo fica melhor.

Desejo solidariedade, compreensão e, sobretudo, amor, que é o melhor meio de evolução e que consegue até milagres.

A vida pode ser uma obra de arte. Seja calmo e ame-se.
Enfim, feliz 2019 e um forte abraço.