O presidente da CPI da Covid no Senado, o senador Omar Aziz (PSD-AM) abriu a reunião desta terça-feira (10) com críticas ao desfile militar de blindados da Marinha, na manhã desta terça-feira, para entregar um convite ao presidente Jair Bolsonaro, no dia que a PEC do voto impresso será analisada na Câmara dos Deputados. Em discurso duro, Aziz defendeu a democracia, classificou o episódio como uma "cena patética" e ainda disse que o ato mostra “fraqueza de Bolsonaro”
"Todo homem público, além de cumprir suas funções constitucionais, deveria ter medo do ridículo, mas Bolsonaro não liga para nenhum desses limites, como fica claro nesta cena patética de hoje, que mostra apenas uma ameaça de um fraco que sabe que perdeu", ressaltou o senador.
Aziz ainda afirmou acusou Bolsonaro de usar dinheiro público para "afrontar a democracia e a harmonia dos poderes”
"Em apenas dois anos e meio de mandato colocou o país em situação vexatória, degradou as instituições e rebaixou as Forças Armadas, formada em sua grande maioria por homens sérios e honrados, como pude presenciar de perto no meu Amazonas", disse o Senador.
O presidente da CPI ainda ressaltou que os militares devem "defender a democracia" e "não ameaçá-la". "Desfiles como esse serviriam para mostrar força para conter inimigos externos que ameaçassem nossa soberania, o que não é o caso. As Forças Armadas jamais podem ser usadas para intimidar sua população, seus adversários, atacar a oposição legitimamente constituída. Não há nenhuma previsão constitucional para isso.", pontuou.
Outros pronunciamentos
Outros senadores integrantes da CPI também usaram a palavra para criticar o desfile desta terça-feira.
O senador Humberto Costa (PT-PE) acusou Bolsonaro de estar fazendo propaganda eleitoral antes da hora. “O presidente, ao invés de trabalhar, passa 24 horas por dia gerando conflitos, fazendo campanha eleitoral antecipada e gastando dinheiro público. É verdade que essa operação acontece há muitos anos, mas nenhuma vez tivemos a passagem de tanques, de lança foguetes, pela frente do Congresso e do Supremo. Ninguém tem o direito de ganhar no grito, ninguém tem o direito de intimidar o Parlamento brasileiro por conta de uma posição política”, disse o petista
Eduardo Braga (MDB), senador pelo Amazonas, defendeu a constituição em sua fala.
“Nossa constituição cidadã é o farol que há de guiar a democracia brasileira, que já dura 30 anos. E que possamos deixar um legado para futuras gerações, que dure mais 30, mais 60, mais 120 anos, 210 milhões de brasileiros acreditam na democracia, votam na democracia”, ressaltou.
Izalci Lucas (PSDB-DF) afirmou que eventos militares são agendados com bastante antecedência e por isso levantou dúvidas sobre a data escolhida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colocar em pauta a proposta.
Do lado governista, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), disse que não se constrage com tanques nas ruas.
"O que me constrange é o desfile de corrupção, de roubalheira, de dinheiro público brasileiro saindo do brasil e indo financiar obras e serviços em países dominados por ditadores, por comunistas, num alinhamento de esquerda que tirou do brasileiro para colocar em Cuba, na Venezuela e em tantos outros países", disse o senador.
O vice-líder do governo, Jorginho Mello (PL-SC), defendeu o voto impresso e auditável.
Desfile
O desfile com tanques e blindados da Marinha aconteceu para a entrega de convite para o presidente Bolsonaro participar de um exercício militar em Formosa, cidade próxima a Brasília. A Operação Formosa acontece todo ano, desde 1988, e o presidente da República em exercício é sempre convidado.
Neste ano, conforme admitiu por nota a Marinha, de forma inédita o comboio de veículos passou com mais na frente do Palácio do Planalto, no ato do convite, como ocorreu nesta manhã.
O desfile ocorreu no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados pode votar no plenário a proposta do voto impresso, defendida por Bolsonaro e por sua base aliada.