Conseguir o comando da Caixa Econômica Federal ainda não foi suficiente para o Centrão garantir governabilidade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo político, conhecido no Congresso Nacional por se adaptar a governos vigentes por meio de trocas, ainda vislumbra as 12 vice-presidências do banco. Também vislumbra cargos como a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a dos Correios. 

Na quarta-feira (25), Lula dispensou Rita Serrano do cargo de presidente da Caixa em negociação para a análise do projeto que retoma a taxação de aplicações financeiras no exterior, chamadas de offshores, e dos fundos exclusivos. O tema só foi aprovado depois do anúncio do economista Carlos Antônio Vieira Fernandes para assumir no lugar de Serrano. Ele foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Horas depois, na Câmara, partidos que estavam insatisfeitos com a “demora” de Lula em efetuar as mudanças na estatal, como o PP e o Republicanos, entregaram a maioria de seus votos a favor do PL das offshores.

No entanto, isso não significa que o Planalto terá um caminho tranquilo para continuar avançando com esse e os demais temas da pauta econômica. A taxação das offshores e dos fundos exclusivos ainda precisa ser aprovada pelo Senado, que também analisa, desde agosto, a reforma tributária, também tida como prioridade para este ano.

Além disso, na mesma noite, nesta quarta, os senadores aprovaram a desoneração das folhas de pagamento, contrariando a vontade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar de o governo não ser necessariamente contrário à matéria, Haddad queria que a votação acontecesse mais perto do fim do ano.

Próximos passos

Ao mesmo tempo, partidos do Centrão já miram o próximo alvo: a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão historicamente cobiçado pelos partidos políticos por gerir um orçamento de R$ 3 bilhões. Siglas como Republicanos, PSD e União Brasil disputam o cargo, mas o governo ainda não demonstra pressa para definir a situação.

Outra estatal considerada chave pelo governo, os Correios também estão na mira dos partidos de centro. No momento, é vista como mais distante uma troca no comando da empresa. Porém, cargos de menor escalão dentro da estatal são ambicionados.

Apesar de já ter tido temas importantes aprovados e sancionados, como o novo marco fiscal e o PL do Carf, e outros avançarem no Congresso, Lula vê a pauta econômica caminhar de mãos dadas com nomeações e emendas. Tido como “insaciável” em Brasília, o Centrão nunca teve tanto poder para ditar os rumos da política brasileira.