Investigação

CPI da Covid aprova convocação de ex-médicos da Prevent Senior

Profissionais fazem parte do grupo que denunciou irregularidades da operadora de saúde no tratamento de pacientes com Covid-19

Por Lucyenne Landim
Publicado em 30 de setembro de 2021 | 18:04
 
 
CPI da Covid Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Dois médicos que trabalharam na Prevent Senior foram convocados a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a condução da pandemia pelo governo federal. Eles fazem parte do grupo que denunciou irregularidades da operadora de saúde no tratamento de pacientes com Covid-19.

São eles: George Joppert Netto e Andressa Fernandes Joppert. Os depoimentos devem ser marcados para quarta-feira (6), na semana que deve ser a última de depoimentos da CPI.

Segundo denúncias, a Prevent Senior usou pacientes para testar medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19. No experimento, nove pessoas teriam morrido, mas a empresa relatou apenas dois óbitos.

Os profissionais foram chamados a pedido do senador Marcos Rogério (DEM-RO), um dos aliados do presidente Jair Bolsonaro na comissão. No requerimento de convocação, ele cita fala do diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Junior, de que os médicos “manipularam dados de uma planilha interna, que era planilha de acompanhamento de pacientes para tentar comprometer a operadora”, após o desligamento da empresa em junho de 2020.

Além disso, Marcos Rogério diz que George e Andressa “supostamente acessaram a planilha depois do desligamento da empresa e transmitiram as informações para a advogada Bruna Morato, antes da divulgação dos dados pela imprensa”.

Bruna Morato, que representa os médicos que trabalharam na operadora de saúde, depôs à CPI na terça-feira (28). Ela relatou que os profissionais eram coagidos pela Prevent Senior a receitarem medicamentos sem eficácia comprovada para a doença sob ameaças de demissão.

A advoggada contou ainda a orientação de um dos diretores da operadora de saúde para que os pacientes e as famílias não fossem informados sobre os riscos envolvidos. A prática, segundo ela, era utilizada para reduzir custos. Bruna Morato representou 12 médicos que denunciaram os atos ilegais da empresa.

A CPI também aprovou a convocação do presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello. O interrogatório dele deve ser marcado para a próxima quinta-feira (7).