O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, chamou a senadora Simone Tebet (MDB-MS) de “descontrolada” durante o interrogatório dele na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a condução do governo federal na pandemia da Covid-19. No momento, a senadora criticava o ministro de omitir irregularidades no processo de aquisição da vacina indiana Covaxin.
Ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, diz que senadora Simone Tebet estava “descontrolada” após ela ter feito críticas a ele e sessão da CPI da Covid-19 precisou ser suspensa quando confusão generalizada se formou no Senado pic.twitter.com/86W7t12y6g
— O Tempo (@otempo) September 21, 2021O ministro, foi então, chamado de “machista” e “moleque” pelos outros senadores presentes, que consideraram a atitude um desrespeito. Houve uma confusão generalizada em torno da mesa da CPI em que estavam sentados Rosário, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL). O interrogatório foi encerrado em seguida, após parlamentares afirmarem que a sessão havia se tornado um “circo".
Após a confusão, Wagner Rosário foi transformado em investigado pela CPI a pedido do presidente do colegiado. Ele era considerado apenas investigado.
Na semana passada, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), havia acusado Rosário de prevaricar ao saber de irregularidades no Ministério da Saúde e nada fazer. Aziz exigiu que o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), inclua no parecer final a suposta concordância do ministro com casos de corrupção.
Ministro pediu desculpas à senadora
Na saída da sessão, Simone Tebet confirmou que recebeu um pedido de desculpa do ministro da CGU.
“Ele fez um pedido privado, embora deveria ser público, mas para mim é página virada”, afirmou.
Diante da fala considerada machista, ela ressaltou que não separa gênero na CPI e que, apesar de haver discursos áridos, o trabalho deve ser pautado pelo respeito.
“Esta é uma Casa que sabe tratar com respeito qualquer depoente, qualquer pessoa que venha e esteja na mesa da Comissão Parlamentar de Inquérito. Mas essa é uma casa que não aceita desrespeito, não aceita arrogância, não aceita petulância e não aceita mentiras.”
Questionada se o ato foi considerado desacato à autoridade e deve ser citado no relatório final da CPI, ela afirmou que cabe ao relator decidir.
Mais tarde, o ministro da CGU também se desculpou com Tebet em uma rede social. "Apesar de tê-lo feito pessoalmente, reitero meus pedidos de desculpas caso minhas palavras tenham lhe ofendido. Às vezes, no calor do embate, somos agressivos inconscientemente. Estendo minhas desculpas a todas mulheres que tenham se sentido ofendidas", publicou.
Para governista, ministro foi provocado
O senador Marcos Rogério (DEM-RO), conhecido por ser um dos maiores aliados do governo na CPI, reconheceu o erro de Rosário, mas justificou que ele havia sido provocado no interrogatório.
“Ele deu uma resposta fora de tom, que não é adequada, não só pelo fato de ela ser uma mulher, não só pelo fato de estar na CPI. Isso não se pode fazer com qualquer senador. Mas sobretudo pelo fato também de ser uma senadora da República", frisou.
"Acho que foi uma reação fora de tom desnecessária e que ele próprio reconheceu”, finalizou Marcos Rogério, acrescentando que “a CPI escolheu obstruir o trabalho da base do governo”.
Presidente da CPI chamou Rosário de "petulante para c..."
O interrogatório do ministro da CGU foi marcado por embates durante todo o dia. Senadores não gostaram do tom das respostas de Rosário e, em um momento, vazou um áudio do microfone de Omar Aziz chamando ele de “petulante para c...”, encerrando a frase com um xingamento.
A fala de Aziz foi em resposta ao senador Otto Alencar (PSD-BA), que havia direcionado o adjetivo a Rosário.