Congresso Nacional

Heleno diz que acampamento no QG era 'ordeiro' e não interessava ao GSI

O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro falou em depoimento à CPMI do 8 de janeiro no Congresso Nacional

Por Lucyenne Landim
Publicado em 26 de setembro de 2023 | 11:40
 
 
Augusto Heleno foi chefe do GSI no governo Bolsonaro Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O general Augusto Heleno, que foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, afirmou nesta terça-feira (26) que avaliava os acampamentos montados em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília (DF), e em outros locais militares ao redor do país, como "extremamente pacíficos e ordeiros". Os registros, no entendimento ele, não eram "algo que interessasse a segurança institucional". 

Heleno falou em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro. Na ocasião, manifestantes que não aceitaram a derrota eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se deslocaram do acampamento em frente ao QG, onde estavam há mais de dois meses, para a Esplanada dos Ministérios. No local, invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.

"Eu nunca fui ao acampamento, não por falta de tempo, mas por falta de condições de participar do que era, do que realizavam no acampamento que, pelo que se sabia, eram atividades extremamente pacíficas, ordeiras. Eu nunca considerei o acampamento algo que interessasse à segurança institucional. Eu sempre achei que era uma manifestação política, pacífica e que não poderia ser tratado dessa maneira", disse.

O ex-ministro pontuou que os acampamentos estavam sendo acompanhados pelo Ministério da Defesa por meio dos comandos do Exército, Marinha e Força Aérea. "Esse acompanhamento e as ações decorrentes, obviamente, não eram de responsabilidade do GSI", frisou.

"Eu não estou aqui para achar nada" 

A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), citou que dos acampamentos saíram atos violentos, como a bomba instalada em um caminhão com combustível nos arredores do Aeroporto de Brasília na véspera do Natal de 2022, e questionou se Heleno ainda considerava o acampamento como pacífico: "Eu não estou aqui para achar nada eu estou aqui para responder aos fatos".

Sobre o mesmo atentado a bomba, general chamou o caso de "incidente isolado que não contou com a minha participação oficial ou velada de forma pessoal ou não contou com a participação de qualquer dos meus subordinados". 

"Tomei ciência da tentativa de invasão pela TV"

Heleno seguiu o mesmo posicionamento sobre a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, também em Brasília, em 12 de dezembro de 2022. Ele disse que não teve conhecimento prévio da prisão do cacique Acácio Serere, que teria motivado a ação.

"Tinha, sim, ciência das suas manifestações em Brasília contra o resultado da eleição realizada. Planejamentos e ações executada pela Polícia Federal são conduzidos de forma sigilosa, e não eram e não são repassados ao GSI", apontou.

"Tomei ciência da tentativa de invasão da sede da Polícia Federal e dos atos de vandalismo no centro de Brasília por meio da TV que estava assistindo em minha residência após minha jornada diária de trabalho. Nem eu e muito menos o GSI fomos mentores ou participamos desses atos lamentáveis", acrescentou.