Turbulências

Lula, Moraes, Barroso e Rui Costa procuram Lira para frear ofensiva do alagoano

Além do presidente Lula e de Rui Costa, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso intensificaram esforços para conter crise com o presidente da Câmara

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 18 de abril de 2024 | 09:58
 
 
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Autoridades que estão no centro de crises com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), têm feito uma verdadeira romaria na tentativa de apaziguar os ânimos. O esforço, no entanto, ainda não apresentou resultados e o movimento de "guerra" entre o Legislativo e os outros dois Poderes (Executivo e Judiciário) parece não estar perto do fim.

Na terça-feira (16), Lira tomou uma série de medidas e fez outros movimentos nos bastidores para emparedar o governo federal, mandar recado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e agradar a oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre as medidas, está a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) com potencial de atingir o governo.

Outra ação anunciada foi a criação de um grupo de trabalho para discutir propostas sobre o foro privilegiado e as prerrogativas parlamentares. A decisão vai na contramão do Supremo, que, na última sexta-feira (11), formou maioria de votos para ampliar a regra do foro privilegiado para julgar políticos na Corte.

A tentativa de apaziguar os ânimos começou ainda na terça-feira, mas após uma quebra de acordo político pelo governo. A relação azedou ainda mais após a demissão do primo dele, Wilson César de Lira Santos, do comando da superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas. Isso porque foi ignorado o combinado para que houvesse um aviso prévio e a demissão fosse feita somente quando Lira indicasse outro nome. 

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, chegou a ir até Lira para se explicar e informou que o presidente da Câmara poderia fazer sua indicação, mas os termos não interessaram ao alagoano. Além da reação de dar andamento às CPIs, Lira avançou com projetos que punem organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

Rui Costa almoça com Lira, e Lula fala com o alagoano por telefone

Depois, o ministro da Casa Rui Costa entrou em campo. Os dois almoçaram na quarta-feira (17) e trataram basicamente sobre o MST, mas não houve recuo pelo presidente da Câmara. A resistência fez com que o próprio presidente Lula ligasse para o alagoano, que manteve sua irritação e não voltou atrás. Pelo contrário, Lira informou ao petista que são ações que fazem parte do jogo.

Moraes se encontra com o presidente da Câmara

Também na quarta-feira, o ministro do STF Alexandre de Moraes, tido como um algoz pela oposição a quem Lira sinaliza maior espaço, teve um encontro com o presidente da Câmara. Os ânimos foram acirrados e os dois ouviram reclamações um do outro: Moraes, de que estaria sendo abusivo em suas decisões e Lira, de que não há sentido na ofensiva que alimenta.

Logo depois, Moraes foi entregar o anteprojeto do novo Código Civil ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e usou a tribuna para declarar que antes das redes sociais, "nós já éramos felizes e não sabíamos”. O ministro defende a regulamentação das plataformas, um projeto de lei que está travado nas mãos de Lira.

Barroso liga para Lira para abrir diálogo

Diante do clima com Moraes, foi a vez do presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, atuar. Ele ligou para Lira na noite de quarta-feira e tratou, principalmente, sobre a possibilidade de abertura de uma CPI que pode atingir o Judiciário. Barroso tentou um apaziguamento com o risco de a Câmara se debruçar sobre suposta violação de direitos e garantias fundamentais e a prática de condutas arbitrárias sem a observância do devido processo legal por integrantes do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).