Uma proposta de resolução elaborada pela corrente majoritária do PT, chamada de “Construindo um Novo Brasil”, elaborada neste fim de semana na Conferência do partido, desagradou à equipe econômica do Planalto, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O texto classifica como “austericídio fiscal” medidas de ajuste fiscal, buscando equilibrar as contas públicas. Diversas alas do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendem uma flexibilização das contas, minimizando a necessidade de zerar o déficit, defendida por Haddad.
Outro alvo da nota dos petistas é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que mantém uma política de baixar gradualmente a taxa básica de juros. A reivindicação do PT é de uma redução mais acelerada.
“O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC “independente” e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”, afirma o texto.
A nota diz que o crescimento do PIB brasileiro em 2023, estimado em 3%, “só não foi maior por causa da deletéria política de juros do Banco Central ‘independente’”.
Outro trecho que traz preocupações a Haddad diz respeito ao Centrão, de quem o ministro dependerá, nos próximos dias, para aprovar, no Congresso, projetos prioritários que elevam a arrecadação no ano que vem. O principal deles é a Medida Provisória (MP) das Subvenções.
“As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial”, afirma o texto.
O temor de membros do governo é que o trecho ressoe de maneira negativa entre partidos de centro. Além do pacote econômico, passará pelo Centrão a aprovação, também pela Câmara, da reforma tributária e do Orçamento de 2024.