Conferência Eleitoral do PT deste sábado (9), sediada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, foi marcada por divergências entre a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto à condução da política para as contas públicas e a meta de déficit zero estabelecida para 2024.

Durante o evento, Gleisi Hoffmann defendeu a ampliação dos gastos do governo federal em 2024, abraçando a proposta de estabelecer uma meta de déficit primário de 1% sem a necessidade de contingenciamentos.

Por outro lado, Fernando Haddad sustentou a posição de zerar o déficit das contas do governo até 2024, buscando um acréscimo de R$ 168 bilhões na arrecadação. Ele ressaltou que um déficit nas contas públicas, mesmo com um aumento nos gastos, não garante necessariamente o crescimento econômico.

"Não é verdade que o déficit faz [a economia] crescer. De dez anos para cá, a gente R$ 1,7 trilhão de déficit. Ela economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia", avaliou.

Apesar das divergências, durante o evento, Hoffmann optou por minimizar as discrepâncias entre ela e Haddad. "Acho que o ministro Fernando Haddad está fazendo o papel dele com ministro da Fazenda, ele tem a visão dele e nós temos uma visão um tanto quanto divergente, que foi exposta de maneira muito tranquila e respeito", sinalizou.

PT divulga nota citando “austericídio fiscal”

O embate entre Gleisi e Haddad ocorreu após o PT ter divulgado uma resolução defendendo a  necessidade de o Brasil "urgentemente se libertar da ditadura do Banco Central 'independente' e do 'austericídio fiscal', argumentando que isso permitiria ao governo expandir os gastos públicos.

Além disso, a resolução política tece críticas ao Centrão, grupo de partidos que estabeleceu uma aliança com o governo Lula. "As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial".