Eleições 2022

Eduardo Leite confirma permanência no PSDB e renuncia ao governo gaúcho

Governador negou convite para trocar o PSDB pelo PSD e ser candidato à Presidência da República pelo partido de Gilberto Kassab, e alegou ser 'sempre bom lembrar das raízes'

Por Lucyenne Landim
Publicado em 28 de março de 2022 | 14:45
 
 
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, confirmou que decidiu permanecer no PSDB e recusar o convite para se filiar ao PSD, feito pelo presidente nacional do partido, Gilberto Kassab. A troca foi considerada após o convite de Kassab para que leite fosse o candidato da legenda à Presidência da República.

"Fico no meu partido, no PSDB, porque o PSDB é importante na minha vida", declarou. "É sempre bom a gente lembrar das raízes e do caminho que me trouxe até aqui", acrescentou, admitindo que a decisão teve influência de "tucanos de longa data", com quem manteve conversas no momento de indecisão partidária, da mãe e do pai José Luís Leite, que fundou o PSDB.

"O presidente Kassab colocou um caminho de forma firme e clara para que eu pudesse me apresentar ao Brasil. Ele foi firme na defesa desse caminho. Eu reconheço esse gesto dele e agradeço, confiando na minha liderança a um projeto. Mas agradeço também a sensibilidade de compreender que a minha história no meu partido não poderia ser renunciada neste momento. Eu não poderia deixar a história que eu tinha construído e construí até aqui no PSDB", frisou.

Mesmo com a recusa ao PSD, Leite renunciou ao cargo de governador. Nos bastidores, a saída é vista como uma estratégia para ainda tentar ser o candidato ao Palácio do Planalto pelo PSDB. Ele perdeu as prévias tucanas para o governador de São Paulo, João Doria, que já foi oficializado como pré-candidato do partido e chamou de "golpe" os movimentos dentro da legenda para tirá-lo da disputa.

Leite não confirmou a qual cargo pretende concorrer, mas disse que renunciar ao mandato "abre diversas possibilidades e não retira nenhuma delas", indicando que continua com seu nome à disposição do partido para disputar o Palácio do Planalto.

"Eu me sinto preparado, me sinto em condições, tenho vontade, tenho disposição, para ser sim presidente. Mas ninguém é presidente pela sua mera vontade pessoal. Uma candidatura à Presidência não elevada por um projeto pessoal. Ela é um projeto que tem que ser construído coletivamente e eu estarei me apresentando. Se entenderem que nessa função eu deva colaborar. Se não, eu estarei ajudando em qualquer outra posição para ajudar o Brasil a encontrar um caminho alternativo", declarou.

Ele relembrou discurso de Doria que assumiu a possibilidade de abrir mão da pré-candidatura para apoiar um candidato com maior viabilidade eleitoral. O PSDB mantém negociações avançadas com o União Brasil, o MDB e o Cidadania e, segundo o governador, há possibilidade de uma decisão ruir o resultado das prévias.

A eleição interna, de acordo com Leite, "não perde a legitimidade, mas não tem a exclusividade na medida em que os atores se envolvem".

"Eu respeito as previas, ninguém tira a legitimidade delas, mas nós temos, no tempo da política, a oportunidade de discussão. Aquela candidatura que melhor oferecer condições, como disse o próprio governador João Doria, é legítimo que se fale em fazer gestos em direção a uma outra pessoa", admitiu.

O governador afirmou, ainda, que a decisão de renúncia foi ponderada e disse estar convicto de que precisa deixar o cargo para participar ativamente do momento eleitoral, que classificou como "decisivo para o país".

"Eu atendo o que a legislação eleitoral me exige, de apresentar que irei renunciar ao mandato de governador para que eu possa estar na política atuando nessa eleição que é decisiva, que é crítica, que é a mais importante da história recente do nosso país, buscando dar toda a colaboração que eu puder", colocou.

Apesar do anúncio de renúncia, Leite só deve deixar o governo gaúcho na quinta-feira (31). No lugar dele, assume o vice-governador, Ranolfo Vieira Junior (PSDB). O movimento de troca acontece porque a Justiça Eleitoral exige a saída, até o próximo sábado (2), de políticos que vão disputar cargos diferentes dos que possuem.

Kassab reafirma que o PSD terá candidato próprio

Com a decisão de Leite, Kassab mantém a intenção de lançar um candidato pelo PSD. Agora, ele irá em busca do terceiro nome para lançar nas eleições. Antes, tentou convencer o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a disputar o cargo. Pacheco negou justificando alegando que se dedicaria ao cargo legislativo.

Uma alternativa considerada pelo PSD é o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, que tem demonstrado empolgação com a possibilidade. Kassab afirmou, porém, que nomes ainda serão colocados em debate e que é “muito prematuro” cravar um novo escolhido.

“O PSD está muito tranquilo, teremos uma candidatura própria à Presidência da República. Assim como tivemos o momento do Rodrigo Pacheco, que foi discutido internamente no partido antes de apresentar o seu nome, depois tivemos o momento do Eduardo Leite, e agora vamos preparar o momento de uma nova candidatura que com certeza será apresentada”, disse.

“Eu acho que não se discute nomes agora porque é muito prematuro”, acrescentou Kassab após evento do PSD nesta segunda-feira (28), em São Paulo.

“Quero desejar boa sorte ao Eduardo Leite, ele é jovem, bem preparado, não é fácil sua decisão de deixar um partido que ele está militando há tantos anos. Não é porque ele não aceitou o nosso convite que não vamos deixar de formular cumprimentos, completou sobre a desistência de Leite.

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