O ex-presidente Itamar Franco era conhecido por suas posições polêmicas. O perfil controverso ficou mais acentuado a partir de 1999, quando assumiu o governo de Minas Gerais. Seu primeiro ato como governador foi decretar moratória da dívida do Estado. Logo depois de anunciada a decisão pela suspensão do pagamento da dívida, o então secretário da Fazenda Alexandre Dupeyrat deu entrevista, afirmando que o Estado se encontrava em uma situação de insolvência e que a dívida era impagável.

A decisão teve repercussão nacional e irritou o ex-aliado de Itamar Franco e então presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Essa atitude polêmica levou Itamar a ser acusado pelo presidente do Banco Central da época, Armínio Fraga, de agir contra a estabilidade de regras necessária à atração de investimentos estrangeiros.

Em resposta à iniciativa do governador mineiro, o governo federal suspendeu os repasses financeiros para o Estado, o que agravou ainda mais a crise econômica de Minas. Uma outra decisão polêmica - aumento de alíquotas de ICMS, revisão dos incentivos fiscais e aperto do cerco aos sonegadores - levou à queda de Dupeyrat e a muitas críticas ao governo mineiro.

Mas outro episódio ainda chamou mais a atenção para o então governador de Minas. Ele decidiu fazer o enfrentamento ao governo federal para impedir a privatização de Furnas. De posse de um estudo, Itamar afirmou que a privatização era inconstitucional. Ele anunciou uma batalha jurídica, mas também deixou claro que iria até as últimas consequências.

E foi ao determinar que tropas da Polícia Militar ocupassem as redondezas da hidrelétrica para exercícios militares. "Ninguém aqui está fazendo manobras de brincadeira. Vamos usar balas de verdade", disse. Ele também ameaçou desviar o curso do rio para evitar o uso das águas em caso de privatização da empresa.

Itamar ainda cercou o Palácio da Liberdade, sede do governo, com tanques e soldados da Polícia Militar.

Antes disso, Itamar ganhou destaque na imprensa internacional enquanto era presidente da República com dois outros episódios. No Carnaval de 1994, ele assistiu ao desfiles das escolas de samba e foi flagrado por fotógrafos ao lado da modelo Lílian Ramos, que estava sem calcinha. Itamar evitou comentar o fato.

Em agosto de 1993, Itamar Franco desfilou por Brasília em uma versão conversível do Fusca. Com a intenção de oferecer um carro mais barato ao consumidor, ele pediu ao presidente da Autolatina - consórcio das montadoras Volkswagen e Ford -, Pierre-Alain de Smedt, que voltasse a fabricar o Fusca no Brasil. O carro havia saído de linha sete anos antes.