eleições 2016

Governadores reforçam base aliada com janela partidária

Prevista pela reforma política, a janela oferece um prazo de 30 dias para que os políticos mudem de sigla

Por FOLHAPRESS
Publicado em 05 de março de 2016 | 10:03
 
 

A janela de filiações aberta no último dia 18 deve reforçar as bases dos governadores nas Assembleias Legislativas. A expectativa é que a possibilidade de migrar de partido sem perder o mandato faça com que muitos deputados estaduais busquem abrigo ao lado dos governos. Prevista pela reforma política, a janela oferece um prazo de 30 dias para que os políticos mudem de sigla.

No Paraná, a bancada do PMDB deve ser o principal alvo do governador Beto Richa (PSDB): quatro dos oito deputados do partido negociam a migração para partidos da base do governo. No Estado, o PMDB é comandado pelo senador Roberto Requião, um dos adversários mais ferozes do tucano e concorrente dele nas eleições de 2014, quando Richa se reelegeu.

"Requião transformou o PMDB do Paraná num 'Estado Islâmico', com decisões autoritárias. Isso gera uma intranquilidade e nos deixa desconfortáveis", diz o deputado Luiz Claudio Romanelli. Filiado ao partido desde 1981, Romanelli é líder do governo Richa na Assembleia e negocia uma provável ida para o PSB.

Em Pernambuco, o PTB do ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, deve desidratar: dois dos cinco deputados estão de malas prontas. O deputado Álvaro Porto vai para o PSD, enquanto o deputado Romário Dias deve ir para o PSDB ou o PSL. Ambos reforçarão a base aliada do governador Paulo Câmara (PSB), que venceu Monteiro nas eleições de 2014.

Formalização

Em alguns casos, a janela não mexerá na correlação de forças, mas apenas formalizará a mudança de partido de deputados que, mesmo em siglas de oposição, já votavam com o governo.

É o caso da Bahia, onde devem mudar de partido os deputados estaduais Alex da Piatã (PMDB) e Marquinho Viana (PV). Ambos já votavam com o governador Rui Costa (PT), mesmo filiados a partidos de oposição.

Na rota contrária, o deputado Alan Sanches, que já votava com a oposição, sai do governista PSD para o DEM. Para o cientista político Joviniano Neto, professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), a estrutura partidária brasileira, pouco ideológica e formada em torno de líderes políticos, estimula as constantes trocas de partidos.

Segundo ele, além do poder de atração dos governos, deputados também costumam mudar de partido por falta de espaço em suas legendas. "Vão em busca de vantagens como o controle de um diretório ou a garantia de uma candidatura", diz.

Petistas em retirada

O prazo para novas filiações também vai representar algumas baixas para o PT nos parlamentos estaduais. Em Alagoas, o deputado Ronaldo Medeiros (PT), líder do governador Renan Filho (PMDB) na Assembleia, deve mudar de partido. Os petistas apoiam o governador, mas devem ficar em polos opostos nas eleições municipais deste ano nas principais cidades, incluindo Maceió.

Em Goiás, o deputado petista Renato de Castro vai trocar o partido pelo PMDB para disputar a prefeitura de Goianésia. Ele diz que o PT está na "linha de fogo" de uma crise política com a Lava Jato, o que reduziria suas chances nas eleições. Por isso, mudou para outro partido de oposição ao governo de Marconi Perillo (PSDB).

"O PT fez coisas erradas que são indefensáveis. Por outro lado, também tem pessoas honradas. Mas, no meio de uma crise como essa, fica para o povo a imagem de que todo mundo do partido é picareta", diz. No Espírito Santo, Rodrigo Coelho deve selar sua saída do PT. Em janeiro, ele pediu desfiliação do partido e assumiu uma secretaria no governo de Paulo Hartung (PMDB).

Em Rondônia, o deputado estadual Ribamar Araújo pretende trocar o PT pelo PR para disputar a prefeitura da capital, Porto Velho.