O presidente Jair Bolsonaro classificou como “irresponsabilidade” o projeto que garante distribuição gratuita de absorventes para estudantes, presidiárias e mulheres em situação de vulnerabilidade. O texto foi vetado por ele nesta quinta-feira (7). Segundo o presidente, o projeto foi aprovado de forma “proposital, para desgastar” o governo.
Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que rejeitou a proposta porque ela não apresentava as fontes de custeio para a distribuição do equipamento de higiene.
“Quando qualquer projeto cria despesa, o parlamentar sabe que tem que apresentar a fonte de custeio. Quando não apresenta, se eu sanciono, incorre em crime de responsabilidade.”
Bolsonaro disse que falaria sobre o veto com mais detalhes em live pelas redes sociais, mas o assunto não foi abordado na transmissão. O presidente também questionou os cálculos apontados pelo projeto.
“Pelos cálculos do autor do projeto, se gastaria 80 milhões por ano com absorventes. Dividido por 12, dá 7 milhões por mês. Cada mulher teria 8 absorventes por mês. Se vai fazer as contas, ele diz no projeto que custaria 1 centavo cada absorvente. E a logística? Eu não tenho alternativa. sou obrigado a vetar”, justificou.
Críticas
Uma das autoras do projeto, a deputada federal Marília Arraes (PT-PE) classificou o veto como “um ato de misoginia extrema, de desconexão com a realidade”. A parlamentar afirma que o texto aprovado pelo Congresso aponta de onde viria o dinheiro para custear o projeto.
A coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Celina Leão (PP-DF) foi ao plenário fazer um discurso com críticas à posição de Bolsonaro.
“Se R$ 84 milhões for muito dinheiro para o governo dar condições a meninas e a mulheres, eu acho que o governo tem de rever seus princípios. Ele tem de repensar na forma de tratar as mulheres do Brasil”, disse a deputada.
Deputados e senadores ainda vão analisar o veto presidencial ao projeto, em sessão a ser marcada pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A bancada feminina já articula uma possível derrubada da decisão de Bolsonaro.