O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, classificou nesta terça-feira (28) as acusações sobre sua ida ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, como "esdrúxulas" e preconceituosas". Ele visitou a comunidade em 13 de março e foi acusado por oposicionistas ao governo de se reunir com integrantes de uma organização criminosa e de entrar no local sem escolta policial. O ministro foi ao local a convite da ONG Redes da Maré, para o lançamento da 7ª edição do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré.

As duas informações já tinham sido desmentidas por Dino, que entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra sete parlamentares por propagação de informação falsa. São eles: os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ), Gilberto Silva (PL-PB) e os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES).

"Eu digo que é esdruxulo porque provavelmente todos os parlamentares do Rio de Janeiro já foram ao Complexo. Se não foram, deveriam ir. Eu digo que é esdrúxulo porque todos, sem exceção, e eu também, quando chega em campanha eleitoral, todo mundo lembra de ir em favelas e periferias e ninguém pergunta de há crime organizado ou não", disse Dino.

O ministro acrescentou que as acusações são uma "tentativa vil de criminalizar não o ministro da Justiça, mas aquela população" da comunidade. "Em relação às pessoas indefesas, como se fossem todos criminosos, e não são. Isso é um preconceito contra as pessoas mais pobres, contra quem mora em bairro popular, e tenho a obrigação de reagir contra este ataque a essas pessoas", destacou. 

Dino contou que recebe convites para visitar comunidades com frequência e irá em todos os possíveis porque "não é favor, é dever". Ele acrescentou que irá convidar os deputados a o acompanharem por querer "crer que não é todo mundo que tem medo das comunidades mais pobres do Brasil".

"Nós temos a situação em que a reunião pública é previamente comunicada à Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Às senhoras e senhores, pelo amor de nosso Senhor Jesus Cristo, não ponham em suspeição o secretario da Polícia Civil que eu nem conheço. Não ponham em suspeição o secretario da Polícia Militar. Porque o Ministério da Justiça enviou ofício a eles três ou quatro dias antes. E eu considero algo esdruxulo imaginar que eu fui me reunir com Comando Vermelho e avisei a polícia. É preciso ter seriedade no debate público", declarou Dino.

"Eu quero crer que nessa altura, ninguém vai continuar criminalizando a população ali existente. Chamo atenção da gravidade disso para um aspecto: criminalizar os mais pobres é estimular a violência contra eles, a chacina, a morte, o tiroteio, apenas pelo fato de as pessoas serem mais pobres. Não me parece uma tarefa adequada para agentes públicos com responsabilidade", completou Dino.

As declarações foram feitas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Dino foi chamado para explicar sua entrada no Complexo da Maré, as ações do Ministério da Justiça nos atos terroristas de 8 de janeiro e o decreto para recadastramento de armas no sistema da Polícia Federal.

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