Acompanhados de uma tia, os irmãos Marcos Lopes de Souza, de 25 anos, e Amanda Lopes de Souza, 31, não escondiam o deslumbramento a cada espaço que adentravam no Congresso Nacional, na tranquila manhã de quinta-feira sem sessões e solenidades solenes. Faziam questão de tirar uma foto pelo celular em frente aos imensos painéis e quadros dos salões. Obras de Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Di Cavalcanti, Burle Marx, entre outros.
“Não imaginava que era tão bonito e acessível”, comentou Marcos, paulista que mora em Londres, onde dá aulas de jiu-jitsu. “É isso mesmo: a maioria das pessoas acha que aqui é tudo muito fechado, restrito. Mas não é”, emendou Amanda, que, após se formar em medicina na Ucrânia, pouco antes da invasão russa, se mudou para Brasília com o intuito de iniciar a vida profissional.
Fora aqueles que vão a convite de um parlamentar ou servidor, ou para uma solenidade, mais de 50 mil pessoas fazem visitas guiadas à Câmara e ao Senado anualmente, em um serviço gratuito oferecido de forma conjunta pelas duas casas. A maioria em fins de semana e feriados, quando grupos saem a cada meia hora, com no máximo 50 pessoas.
Durante o tour, os visitantes recebem informações sobre a história do Congresso e sobre as esculturas, os quadros e os painéis espalhados pelos espaços do prédio principal. Também recebem noções básicas sobre como são feitas as leis brasileiras. Estrangeiros podem fazer tudo em língua espanhola ou inglesa, marcando a visita antecipadamente.
O edifício que abriga o Legislativo federal foi batizado de Palácio do Congresso, inaugurado em 21 de abril de 1960, junto com Brasília. Concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com projeto estrutural do engenheiro Joaquim Cardozo, é um dos três edifícios monumentais que definem a Praça dos Três Poderes, sendo os demais o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), também de autoria de Niemeyer e Cardozo.
O Palácio do Congresso é considerado o maior símbolo da capital, além de ser referido frequentemente como o ícone da arquitetura do país no exterior. Sobre o imenso bloco-plataforma horizontal ficam uma semiesfera à esquerda (sobre o plenário do Senado), e um hemisfério à direita (sobre o plenário da Câmara). As cúpulas são chamadas de “conchas” por muita gente. Tem que enxergue “bacias”. E são muitas as teorias para as formas invertidas.
“A concha voltada para baixo, implica nos intentos dos entes federativos representados pelos senadores. Já a concha voltada para cima, materializa o sentimento de clamor popular representado pelos deputados federais”, é uma das supostas explicações. “O plenário da Câmara é voltado para cima, como um recipiente, por ser onde o povo deposita suas demandas; a do Senado, para baixo, como uma tampa, expressa o ‘poder que vem de cima’, pois a Casa representa os Estados da Federação”, diz outra.
Segundo Niemeyer, o pai da obra, as cúpulas não têm qualquer simbolismo. Elas estão ali apenas para compor a arquitetura do edifício. Aliás, antes de decidir pelas conchas invertidas, Niemeyer teve outras ideias, inclusive um prédio com três conchas e outra com nenhuma. Achou melhor a dupla invertida por mera questão estética.
O restante do Palácio do Congresso é dividido da seguinte forma:
Ainda sob o imenso bloco-plataforma horizontal, que suporta as duas cúpulas, ficam os plenários e os grandes salões, conforme descritos abaixo: