Por um voto de diferença, a ala dos deputados estaduais do PSL considerada mais ligada ao presidente Jair Bolsonaro perdeu a liderança da bancada na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Nesta terça (11), por 8 votos a 7, incluindo o voto de Janaina Paschoal, Rodrigo Gambale foi eleito novo líder. Castello Branco, considerado mais bolsonarista, foi o derrotado.

Gambale vai substituir Gil Diniz, que é o atual líder e é ligado à família Bolsonaro. Ele costuma defender o presidente na tribuna e fazer oposição ao governador João Doria (PSDB), postura que deve mudar com Gambale.

O novo líder é considerado, entre a bancada de 15 deputados (a mais numerosa da Assembleia), um dos mais alinhados ao tucano por ter votado com o governo na maioria das vezes.

A disputa na bancada também sintetizou o racha no PSL, com a formação da Aliança pelo Brasil.

Gil e outros deputados bolsonaristas, que declaram que irão migrar para a Aliança, votaram em Castello Branco.

Já os deputados que ainda ponderam se vale a pena deixar o PSL votaram em Gambale.

Por isso, a nova liderança na Casa deve ser mais próxima do deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP), dirigente estadual do partido, braço direito de Luciano Bivar e visto como traidor pelos bolsonaristas.

A candidata de Bozzella, no entanto, era Janaina Paschoal. Até o último momento, o deputado esperava que ela fosse aclamada pela bancada mesmo sem ter se colocado na disputa.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, embora a deputada esteja em uma fase de articulação política e de aproximação com Bozzella, ela não se dispôs a assumir essa função de liderança partidária.

O processo de escolha do novo líder do PSL começou na semana passada, e quatro deputados chegaram a se apresentar para a disputa. O clima na bancada, porém, era de tentar manter a paz entre adeptos do PSL e adeptos da Aliança, para evitar as brigas vistas no nível federal.

Os nomes colocados são considerados conciliadores, que conseguiriam transitar entre os dois grupos.

Na prática, a bancada do PSL não votava unida, com cada deputado tendo liberdade de votar contra ou a favor de Doria.

Na avaliação dos deputados, a troca na liderança, portanto, não significa mudança no balanço dos votos pró-governo, mas representa um ganho para o tucano, que não terá mais o líder da maior bancada fazendo dura oposição a ele, como era o cenário com Gil.

Gil e outros deputados, como Major Mecca e Douglas Garcia, no entanto, prometem continuar usando a tribuna para criticar o governador quando acharem necessário.

Investigado após um ex-assessor denunciar a prática de "rachadinha" em seu gabinete, Gil já deixaria a liderança em 2020, após um ano no cargo, conforme acordo da bancada.